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O governo dos Estados Unidos confirmou, nesta sexta-feira, o envio do grupo de ataque liderado pelo porta-aviões USS Gerald R. Ford para a América Latina. A embarcação, considerada o maior e mais avançado navio de guerra do mundo, foi deslocada do Mediterrâneo para o Atlântico Sul e o Caribe, sob a justificativa de reforçar o combate ao narcotráfico e patrulhar rotas utilizadas por organizações criminosas transnacionais. A operação é comandada pelo Comando Sul (SOUTHCOM), responsável pelas forças norte-americanas na América Central e do Sul.
O Gerald Ford (energia nuclear) transporta cerca de 5 mil militares e 75 aeronaves, dentre caças de última geração F-35, helicópteros Seahawk e aviões de vigilância. Ele lidera um grupo composto por cinco destróieres armados com mísseis guiados e um submarino nuclear de ataque. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou que a presença militar “fortalece a capacidade americana de detectar e desmantelar redes ilícitas que ameaçam a segurança nacional e regional”. O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, declarou que o objetivo é “proteger as rotas marítimas essenciais e garantir a estabilidade do hemisfério ocidental”.
O envio do Gerald Ford, no entanto, reacende o conflito diplomático com a Venezuela, liderada por Nicolás Maduro. Caracas classificou a manobra como “ato de agressão imperialista” e acusou o governo de Donald Trump de utilizar o pretexto do combate ao narcotráfico para “expandir sua influência militar e intimidar países latino-americanos”. Em resposta, a chancelaria venezuelana anunciou a mobilização de forças aéreas e navais para monitorar as fronteiras marítimas e solicitou uma reunião emergencial na Organização das Nações Unidas.
Desde o início de agosto, Washington vinha intensificando sua presença militar no Caribe. Além do Gerald Ford, os Estados Unidos já haviam enviado destróieres e navios anfíbios para a costa venezuelana, ampliando o contingente naval na região. O plano, segundo fontes do Departamento de Defesa, foi desenvolvido como parte de uma estratégia de “pressão máxima” sobre o regime de Maduro, acusado por Washington de apoiar redes de tráfico e grupos paramilitares colombianos. Essa operação retoma o conceito histórico da chamada “diplomacia das canhoneiras”, em que o poder naval é usado como instrumento político de dissuasão.
O histórico das tensões entre Estados Unidos e Venezuela remonta à ruptura diplomática ocorrida em 2019, quando Maduro resistiu às pressões internacionais por novas eleições. O embargo americano ao petróleo venezuelano e as sanções econômicas subsequentes agravaram a crise no país. Tentativas de mediação pela União Europeia e pelo México fracassaram, e a reeleição de Donald Trump, em 2024, trouxe de volta uma postura mais dura em relação a Caracas. O envio do Gerald Ford simboliza essa nova etapa, com a Casa Branca apostando na presença militar como elemento dissuasivo.
Entre os países do Mercosul, a medida dividiu opiniões. O Brasil expressou “preocupação com a escalada militar” e defendeu uma solução pacífica mediada pela ONU. A Argentina, alinhada aos Estados Unidos, afirmou que o combate às drogas “requer ação firme contra regimes permissivos”. Já o Uruguai enfatizou que qualquer operação militar na região deve respeitar o princípio da não intervenção e o direito internacional. No Paraguai, setores do Congresso pediram uma postura de neutralidade e o fortalecimento dos canais diplomáticos regionais.
Especialistas em política internacional veem a movimentação como um sinal da ampliação da influência norte-americana no Atlântico Sul, em um contexto de disputa por recursos energéticos e novas rotas comerciais. Analistas favoráveis a Washington afirmam que a missão reforça a segurança regional e combate redes criminosas que operam além das fronteiras. Já críticos à Casa Branca consideram a operação uma demonstração de força que pode gerar incidentes, afetar o equilíbrio político do continente e prejudicar o diálogo com governos progressistas sul-americanos.
O deslocamento do Gerald Ford e de seu grupo de ataque representa, assim, mais do que uma resposta tática ao narcotráfico: é um gesto estratégico de reposicionamento global. Em um continente marcado por fragilidade econômica e instabilidade política, a operação norte-americana recoloca o debate sobre soberania e segurança no centro da agenda hemisférica.
Governos alinhados à esquerda (ou centro-esquerda)
Os países que atualmente são governados por lideranças de esquerda, segundo os mapas políticos de outubro de 2025, incluem:
- Brasil – Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores)
- México – Claudia Sheinbaum (Movimento Regeneração Nacional – Morena)
- Colômbia – Gustavo Petro (Pacto Histórico)
- Chile – Gabriel Boric (Convergência Social, coalizão Frente Ampla)
- Uruguai – Yamandú Orsi (Frente Ampla, eleito em 2024 e empossado em 2025)
- Venezuela – Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela)
- Nicarágua – Daniel Ortega (Frente Sandinista de Libertação Nacional)
- Cuba – Miguel Díaz-Canel (Partido Comunista de Cuba)
- Guiana – Irfaan Ali (Partido Progressista Popular)
- Suriname – Jennifer Simons (Partido Nacional Democrático, de centro-esquerda)
Panorama geral
Após a virada à direita na Bolívia com Rodrigo Paz e a ascensão de governos liberais na Argentina (Javier Milei) e Paraguai (Santiago Peña), há sete países sob governos de esquerda e cinco sob administrações de direita apenas na América do Sul.
Entre os países centrais da região, a esquerda permanece dominante em termos populacionais: Brasil, México e Colômbia, juntos, representam cerca de 60% da população latino-americana e são governados por líderes de centro-esquerda.
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(*) Com informações das fontes: G1, BBC, Gazeta do Povo, Poder360, DW, Reuters.
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