"> Lula defende moeda sul-americana em encontro do PT e reacende debate sobre independência cambial

 

Politica - 03/08/2025 - 14:58:34

 

Lula defende moeda sul-americana em encontro do PT e reacende debate sobre independência cambial

 

Da Redação .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Apesar das dúvidas, Lula reafirmou que o Brasil deve liderar a iniciativa, que pode representar, segundo ele, uma “nova etapa civilizatória” nas relações internacionais

Apesar das dúvidas, Lula reafirmou que o Brasil deve liderar a iniciativa, que pode representar, segundo ele, uma “nova etapa civilizatória” nas relações internacionais

Durante o encontro nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado em São Paulo no último sábado, 3 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou com força a ideia de criação de uma moeda comum para a América do Sul. Em um discurso marcado por críticas à dependência do dólar nas transações internacionais, Lula propôs avanços concretos na integração monetária entre os países da região, com o objetivo de facilitar o comércio, reduzir custos cambiais e fortalecer a soberania econômica do bloco.

A fala de Lula ocorre em um momento sensível para a economia brasileira. O dólar encerrou a semana em alta, cotado a R$ 5,24, refletindo cautela dos investidores diante da possibilidade de mudanças no eixo tradicional do comércio exterior. O Ibovespa, principal índice da B3, recuou 0,87% na sexta-feira, fechando em 128.490 pontos, com as ações de empresas exportadoras e do setor financeiro entre as mais pressionadas. Analistas apontam que as declarações do presidente introduzem incertezas no curto prazo, ainda que o projeto de moeda comum esteja distante da implementação prática.

Lula reforçou que a proposta não se trata de substituir o real, mas de criar uma ferramenta regional complementar para facilitar o comércio entre os países da América do Sul. Segundo ele, a nova moeda seria lastreada em reservas internacionais e indicadores comuns, com gestão compartilhada entre os bancos centrais das nações participantes. O presidente ressaltou ainda que essa iniciativa pode ampliar a geração de empregos ao dinamizar as cadeias produtivas regionais e reduzir a exposição a oscilações externas, como as causadas por políticas monetárias do Federal Reserve.

Do ponto de vista das relações internacionais, a proposta é vista como mais um movimento de distanciamento do Brasil em relação à dependência histórica dos Estados Unidos. Lula reforçou a necessidade de “autonomia estratégica” da América do Sul e criticou a hegemonia do dólar, afirmando que a moeda americana tem sido usada como instrumento de dominação econômica. A posição gerou reações divergentes. Enquanto países como Argentina e Bolívia manifestaram apoio à ideia, governos mais alinhados a políticas liberais, como o do Paraguai, se mostraram reticentes.

Economistas ouvidos por veículos especializados alertam que, embora o debate sobre uma moeda comum não seja novo, sua viabilidade exige alinhamento fiscal, monetário e político entre os países, o que atualmente parece distante. Além disso, a criação de uma nova unidade de troca exige confiança mútua e estabilidade macroeconômica — aspectos ainda frágeis em diversos membros da região.

Apesar das dúvidas, Lula reafirmou que o Brasil deve liderar a iniciativa, que pode representar, segundo ele, uma “nova etapa civilizatória” nas relações internacionais. A fala agrada setores ideológicos da base petista, mas preocupa parte do empresariado e do mercado financeiro, que teme retração de investimentos diante de incertezas monetárias e regulatórias.

* Com informações das fontes: Agência Brasil, B3, Banco Central do Brasil, Ministério da Fazenda, CNN, Poder 30,Valor Econômico, InfoMoney, entrevistas de Lula no evento nacional do PT.

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