O mercado financeiro brasileiro teve uma tarde de fôlego nesta terça-feira, 6 de agosto de 2025, após semanas de forte volatilidade. O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,4796, de acordo com a taxa de fechamento oficial (PTAX) divulgada pelo Banco Central. Trata-se do menor patamar desde 9 de julho e reflete uma valorização expressiva do real diante de um ambiente externo menos adverso e de sinais internos mais construtivos na frente fiscal.
A queda de 0,78% na moeda americana aconteceu em um dia de maior apetite por risco nos mercados internacionais. A trégua nas ameaças tarifárias do governo dos Estados Unidos a parceiros comerciais, entre eles o Brasil, reduziu a pressão sobre as moedas emergentes e favoreceu o ingresso de capital estrangeiro.
No mercado de ações, o Ibovespa fechou em forte alta de 1,04%, aos 134.568 pontos, puxado principalmente pelas ações de empresas exportadoras e ligadas a commodities, como Petrobras, Vale e Suzano. A recuperação dos preços do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional também ajudou a impulsionar os papéis dessas empresas, que têm grande peso na composição do índice.
Indicadores de Mercado – 6 de agosto de 2025
Indicador |
Valor |
Variação |
Dólar comercial (PTAX) |
R$ 5,4796 |
–0,78% |
Dólar futuro (agosto) |
R$ 5,4871 |
–0,73% |
Ibovespa |
134.568 pontos |
+1,04% |
Volume financeiro (B3) |
R$ 23,8 bilhões |
— |
Euro (PTAX) |
R$ 5,9712 |
–0,66% |
Fluxo positivo e confiança recuperada
Além do ambiente externo mais favorável, analistas destacam que o fluxo cambial voltou a ser positivo nesta semana. Investidores estrangeiros aumentaram as compras de ações brasileiras diante de melhores projeções para os lucros de grandes companhias listadas na bolsa e pela percepção de que o governo pode adotar medidas mais responsáveis para o controle das contas públicas.
A redução das tensões políticas em Brasília e o avanço de pautas econômicas no Congresso — como a reforma administrativa e a nova âncora fiscal — também contribuíram para melhorar o humor dos agentes do mercado. Há uma leitura de que o Planalto está disposto a entregar sinais concretos de compromisso com o equilíbrio fiscal, o que reduz as apostas em alta da Selic e melhora a atratividade dos ativos locais.
A curva de juros futuros, inclusive, teve leve queda em todos os vencimentos, refletindo menor percepção de risco e expectativas mais ancoradas para a inflação de médio e longo prazos.
Aversão ao risco cede, mas cautela permanece
Apesar do alívio no câmbio e no índice da bolsa, economistas alertam que a melhora ainda é frágil. O cenário internacional segue sujeito a sobressaltos, especialmente diante da política externa imprevisível do governo norte-americano, que voltou a flertar com medidas protecionistas contra países emergentes e membros do Brics.
Outro ponto de atenção está no desempenho da economia chinesa, principal parceira comercial do Brasil. Dados de exportação mais fracos do que o esperado divulgados nesta semana colocaram em xeque a recuperação do gigante asiático, o que pode afetar a balança comercial brasileira nos próximos meses.
* Com informações das fontes: Banco Central do Brasil (PTAX), B3, Valor Econômico, Agência Brasil, Broadcast, Bloomberg Línea, CMA InfoMoney, Reuters Brasil.