Ação proposta pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ABC, órgão do Ministério Público, tornou a ex-secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, PT, em ré em mais um escândalo de superfaturamento, desta vez na compra de brinquedos educativos para a rede municipal de ensino. A 5ª Vara Criminal de São Bernardo, comandada pelo juiz Leonardo Fernando de Souza Almeida, aceitou a denúncia do Gaeco.
A prefeitura de São Bernardo, comandada pelo prefeito Luiz Marinho, PT, pagou quase o triplo por um mesmo item adquirido em comparação com o efetivamente pago pela prefeitura de Salto-SP. O produto Sacolão Plugado Ideias com mil peças da marca Brink Mobil, em 2011, custou ao cofre sãobernardense R$232,77 ao passo que em Salto-SP, o mesmo produto saiu por R$84,84 a unidade, ou seja, o valor pago pela administração de Luiz Marinho, PT, foi 174,36% maior, demonstrando clara condição de possível superfaturamento.
As investigações do Gaeco-ABC se basearam em três pontos para a denúncia:
- O Sacolão Plugado Ideias da marca Brink Mobil, a despeito da grande diferença de valores praticados, foi fornecido pelo mesmo grupo de empresários às administrações de São Bernardo e de Salto;
- Apesar de pagar 176,36% a mais por unidade adquirida, a gestão Marinho, PT, adquiriu 760 unidades do produto (total de R$ 176,9 mil), enquanto o então prefeito de Salto, Geraldo Garcia, PDT, adquiriu somente dois brinquedos (R$ 169,68 ao todo). No mercado, quanto maior a quantidade comprada, menor o preço por unidade, o que não ocorreu em São Bernardo;
- O rol de empresas é o mesmo que, segundo o MP, burlou a licitação para aquisição de tênis e mochilas (alvo de outra ação contra Cleuza que corre na 2ª Vara Criminal de São Bernardo).
A juíza Daniela de Carvalho Duarte, que assumiu a 5ª Vara Criminal de São Bernardo, concedeu prazo a Cleuza e Sérgio Moreira (assessor da ex-secretária), como ex-funcionários públicos, para apresentação de defesa prévia sobre a acusação.
Em junho desse ano, Cleuza foi demitida da Secretaria de Educação e substituída pelo vereador Paulo Dias, PT.
Segundo os bastidores, sua queda ocorreu devido aos escândalos, má gestão e pelo malsucedido plano de redução da merenda escolar à rede pública. O comentário no Paço Municipal de São Bernardo é que Cleuza teve sorte no sorteio da distribuição do processo, pois caso tivesse caída nas mãos da juíza Sandra Regina Nostre Marques, da 1ª Vara Criminal, a mesma do caso da suspensão do aplicativo WhatsApp, as penas e aceleração do processo seriam maiores. Cleuza, Sérgio e seus advogados não foram localizados para falarem sobre a nova acusação.
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