Em depoimento à CPI dos Bingos, nesta terça-feira, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) afirmou que o seqüestro do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, teria sido filmado. Um pastor evangélico, que gravava uma cerimônia de casamento nas proximidades do local onde o prefeito fora surpreendido pelos criminosos, teria registrado parte das cenas do crime, o que poderia ajudar a identificar os autores. O deputado lamentou que até hoje não tenha sido apresentada a suposta fita. "A gravação é uma prova importante que poderia ajudar a solucionar um monte de dúvidas", disse o parlamentar aos integrantes da CPI. O fato foi comunicado a Greenhalgh pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Segundo o pastor, ele estava filmando uma festa de aniversário quando ouviu ruídos na rua e apontou a câmera para o local onde Daniel estava sendo seqüestrado. O pastor estaria mantendo a gravação em sigilo por temer represálias.
Greenhalgh foi acusado pelo irmão de Celso Daniel, João Francisco Daniel, de ter mentido à família do prefeito sobre as investigações do caso.
O parlamentar negou as acusações e, a exemplo do que fez em outras oportunidades, voltou afirmar crer que o assassinato foi um crime comum. Apesar de sua convicção, ele afirma não negar a hipótese de que o assassinato possa ter sido motivado por razões políticas.
Greenhalgh disse ter recebido de Luiz Inácio Lula da Silva recomendação para que acompanhasse as investigações, durante reunião na casa do atual presidente, com a presença de parlamentares do PT e do então presidente do partido, José Dirceu. Ele lembrou que o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, assassinado em 2002, foi investigado por três delegados da Polícia Federal e por seis delegados de São Paulo, além de cinco promotores de Justiça.
Segundo a Agência Senado, Greenhalgh relatou que dois suspeitos da morte de Daniel foram presos no Paraná, mas acabaram soltos, segundo afirmou, após pagarem propina. "Isso retardou a prisão desses dois indivíduos, que foram depois para a Bahia".
Greenhalgh relatou para os integrantes da comissão o momento em que viu o corpo do ex-prefeito chegar ao Instituto Médico Legal, em São Paulo. "Se me permitem falar assim, conversei com o Celso, perguntando o que lhe tinham feito", disse Greenhalgh aos parlamentares da CPI. "Ele tinha os olhos abertos de terror e as mãos crispadas, tensas", recordou.
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