O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), já admite a possibilidade de pedir licença médica do cargo, afirmou nesta sexta-feira o deputado João Caldas (PL-AL). Com a licença, o deputado do PFL e vice-presidente da Casa, José Thomaz Nonô (PFL), assumiria o comando da Câmara. A idéia contraria os interesses do governo, que não é favorável à oposição tomar a frente do Congresso. "O que eu tenho de novo é que ele admite tirar uma licença da presidência. Ele pode tirar e voltar a qualquer instante", disse Caldas. Severino só tinha aceitado até agora renunciar ao mandato ou ao cargo de presidente.
Caldas, que acompanhou a comitiva do governo até Maceió, para a inauguração do Aroporto Internacional Zumbi dos Palmares, disse que falou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre um possível encontro com Severino. "Ele disse que, se fosse solicitada uma audiência, tranqüilamente concederia, mas isso não foi feito por Severino. Também não veio nenhuma proposta de lá pra cá".
Segundo o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PT-SP), se Severino não renunciar ao mandato até a próxima terça-feira, será instaurado o processo de cassação do parlamentar e nomeado um relator. A representação contra Severino foi entregue por cinco partidos de oposição. O deputado é acusado pelo empresário Sebastião Buani de cobrar propina, no período em que foi primeiro-secretário da Câmara, para prorrogar a concessão do restaurante Fiorella, no décimo andar da Casa.
A Constituição e o Regimento Interno da Câmara não contemplam nenhuma hipótese de afastamento do presidente da Casa, a não ser por iniciativa do próprio deputado (afastamento temporário, para facilitar investigações, ou renúncia) ou por quebra de decoro parlamentar.
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