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Acuado pelas denúncias do “mensalão”, supostamente pago a parlamentares com dinheiro de estatais, a fim de garantir fidelidade política no Congresso, o governo federal parte para a ofensiva esta semana, ao deflagrar uma série de medidas para investigar as acusações e punir responsáveis, mesmo que isso custe “cortar na própria carne”, como tem afirmado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As ações envolverão, de forma conjunta, a Polícia Federal (PF), o Ministério Público (MP) e o Poder Judiciário e prevêem demissões, prisões e apreensões que prometem “abalar a República”, segundo fontes do Planalto.
O ataque será centrado nas acusações mais recentes, envolvendo contratos supostamente irregulares nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Também será apurado o alegado envolvimento das agências de publicidade SMPB Comunicação e DNA Propaganda, de Marcos Valério, citadas como fornecedoras de dinheiro destinado ao “mensalão”. Ainda nesta semana, devem ocorrer demissões de altos funcionários de estatais sob suspeita, pedidos de prisão, quebras de sigilo bancário e fiscal, bem como operações de busca e apreensão realizadas pela PF.
No foco das ações deverá estar Valério, cuja situação se agravou após reportagem da revista Istoé desta semana, a qual denunciou saques de grande vulto feitos por ele ao Banco Rural ¿ dinheiro cuja utilização permanece sob suspeita. Também devem ser investigados o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, acusado de montar esquema para arrecadar dinheiro de estatais para distribuí-lo posteriormente a parlamentares, a fim de comprar sua “fidelidade” política. Tanto Soares como Souza tiveram seus sigilos bancário e fiscal solicitados pelos ministérios públicos estaduais de Goiás e Minas Gerais, respectivamente. As informações devem ser anexadas a inquérito da Polícia Federal.
Também estão sob a mira das apurações o presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, acusado de liderar esquema de cobrança de propina em estatais, especialmente nos Correios e IRB, e e o líder do PP na Câmara, José Janene, sobre o qual recaem suspeitas semelhantes.
As agências de publicidade ligadas a Valério e outras que tiveram maior número de contratos durante a gestão Lula devem passar por uma devassa da mesma forma. Além da DNA e da SMPB, a PF pode apurar as atividades de outras grandes agências, como a Duda Mendonça, a Lew Lara e Matisse. O Planalto gastou no ano passado R$ 339 milhões em propaganda, enquanto no mesmo período as estatais registraram um gasto de R$ 500 milhões.
Essas iniciativas serão tema da reunião de emergência que Lula realizará nesta segunda-feira com ministros e integrantes da cúpula do governo. Também durante os próximos dias, o presidente irá fechar as últimas pendências da reforma ministerial, que deverá ampliar a participação do PMDB na base aliada a fim de recuperar a governabilidade, abalada pelas denúncias iniciadas pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o qual levantou pela primeira vez a possibilidade de ocorrência do “mensalão”.
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