Massacre terrorista em Paris deixa mais de uma centena de mortos

 

Internacional - 13/11/2015 - 23:49:33

 

Massacre terrorista em Paris deixa mais de uma centena de mortos

 

Da Redação com BBC Brasil

Foto(s): Reprodução Facebook

 

Os atentados desta sexta-feira em diversos pontos de Paris foram os mais letais cometidos na França em sua história recente

Os atentados desta sexta-feira em diversos pontos de Paris foram os mais letais cometidos na França em sua história recente

Os atentados desta sexta-feira em diversos pontos de Paris foram os mais letais cometidos na França em sua história recente.

Segundo autoridades francesas, mais de cem pessoas morreram na casa de shows Bataclan, que foi tomada por atiradores e seus frequentadores foram feitos reféns. Três dos atiradores estariam entre os mortos.

Outras cerca de 40 pessoas foram mortas em outros ataques a tiros ou explosões realizadas em outras partes de Paris, também segundo autoridades.

Antes disso, em janeiro, 17 pessoas morreram ao longo de três dias em Paris, em uma série de ataque que começou com o atentado contra a revista satírica Charlie Hebdo .

Na ocasião, os irmãos Saïd e Chérif Kouachi mataram 12 pessoas no ataque contra o semanário. Pouco depois, uma policial municipal foi morta e, um dia depois, quatro pessoas também foram assassinadas, dessa vez em um supermercado judaico no leste da capital.

Os três suspeitos dos ataques em Paris foram abatidos em cercos policiais na sexta-feira.

Bomba em trem

O mais grave ataque anterior havia ocorrido em 1961, quando 28 pessoas morreram na explosão de uma bomba em um trem ligando Estrasburgo, no leste do país, a Paris.

Esse ataque teria sido planejado pela chamada "Organização do Exército Secreto" (OAS, na sigla em francês), que defendia a presença francesa na Argélia.

Em 1995, uma onda de atentados na França atribuídos oficialmente a extremistas argelinos do Grupo Islâmico Armado (GIA), entre eles o ocorrido na estação de metrô Saint-Michel, matou oito pessoas e deixou quase 200 feridas.

Outros ataques com explosivos em 1996, na estação de Port Royal, mataram quatro pessoas e deixaram cerca de uma centena de feridos. Estima-se que esse atentado, muito semelhante aos de 1995, também tenha sido cometido pelo GIA, mas nesse caso não houve provas oficiais.



Hollande ordena estado de urgência e fecha fronteiras

O presidente da França, François Hollande, anunciou que o Conselho de Ministros vai aprovar o estado de urgência em todo o território nacional e o fechamento das fronteiras do país após os "atentados terroristas sem precedentes" em Paris e que deixaram dezenas de mortos.

Em declaração transmitida pela televisão, Hollande disse que os ataques, "em curso", deixaram "dezenas de mortos" e um grande número de feridos, e que pediu a intervenção das Forças Armadas.

"É um horror. Trata-se de ataques terroristas sem precedentes que estão em curso", declarou Hollande, profundamente emocionado.

Segundo o presidente francês, foram "mobilizadas todas as forças possíveis para neutralizar os terroristas e garantir a segurança em todos os bairros" e foram "pedidos reforços militares que estão em Paris para que não haja mais ataques".

Um Conselho de Ministros extraordinário vai aprovar, segundo Hollande, o estado de urgência em todo o território francês. A imprensa francesa informou que este estado não era decretado desde os distúrbios na periferia parisiense ocorridos há uma década.

Além disso, o presidente também pediu o fechamento das fronteiras para evitar a fuga dos autores dos crimes.

Testemunhas relatam sangue e pilha de corpos em Paris

A seguir, alguns relatos que testemunhas que estão na cidade:

'Sangue por todos os lados'

Ao sair da casa de shows Bataclan, onde pessoas foram mantidas reféns, uma testemunha disse que os atiradores "dispararam contra a multidão com uma arma semiautomática", de acordo com a rádio FranceInfo.

"Conseguimos escapar. Há sangue por todos os lados."

'Pilha de corpos'

Ben Grant estava em um bar com sua mulher quando um dos ataques ocorreu. Ele disse ter visto seis ou sete corpos no chão e ouvido que os tiros foram disparados a partir de carros.

"Há muitos mortos. É horrível, para ser honesto... Estava na parte dos fundos do bar. Não consegui ver nada", ele disse.

"Ouvi tiros. As pessoas se jogaram no chão. Colocamos uma mesa sobre nossas cabeças para nos proteger. Ficamos presos no bar porque havia uma pilha de corpos na nossa frente."

'Ouvimos duas grandes explosões'

O jornal Libération cita o jornalista Vicente, que estava no estádio Stade de France, onde a seleção francesa de futebol estava jogando contra a Alemanha.

 

Ataque em Paris

"Todos foram para o campo. Uma multidão de pessoas ansiosas começou a se movimentar em direção à saída após o apito final, ninguém sabia o que tinha ocorrido do lado de fora."

"Ouvimos duas grandes explosões no primeiro tempo e depois uma outra menor. Um helicóptero sobrevoava o estádio após o primeiro tempo", ele disse.

"A partida continuou normalmente como se nada tivesse acontecido, mas estávamos acompanhando tudo no Twitter, especialmente o fato do presidente (François) Hollande ter sido evacuado, apesar de nenhum de nós o termos visto sair. Não vi nada do segundo tempo. Houve um anúncio de que as pessoas deviam deixar o estádio pelas saídas sul, norte e oeste, mas muitos espectadores voltaram cinco minutos depois."

'Os atiradores eram jovens'

Julien Pierce, jornalista da rádio Europe 1 que estava dentro da Bataclan, descreveu o que viu:

"Vários homens armados entraram. Dois ou três deles, sem máscaras, carregavam o que pareciam ser armas automáticas e dispararam a esmo em direção ao público."

"Tudo durou entre 10 e 15 minutos. Foi tudo extremamente violento, causando pânico. Os atiradores tiveram tempo suficiente para recarregar suas armas três vezes. Eles eram jovens."

'Pareciam fogos de artifício'

O britânico Jonathon Hill trabalha atualmente em Paris e diz ter visto um homem direcionando as pessoas para dentro da Bataclan, onde pessoas agora estão sendo mantidas reféns:

"Estava tirando dinheiro de um caixa eletrônico do lado de fora da estação de metrô, que fica a poucos metros da Bataclan. Estava pegando meu dinheiro quando ouvi três tiros, mas não acreditei a princípio que eram disparos de arma de fogo. Quase pareciam ser fogos de artifício estourando no meio da rua."

"Enquanto isso ocorria, vi um homem alto e parrudo, que parecia ser branco, a alguns metros de distância. Ele estava no meio da rua gritando 'vamos, vamos'. Ele parecia ser um bom samaritano, dizendo às pessoas para sair dos cafés e entrar. Em meio a isso, ouvi outro tiro e vi uma pessoa cair no chão do lado de fora do Bataclan."

'Pessoas mortas no chão'

O estudante Fabien Baron estava na região central de Paris, a caminho da casa de sua irmã, quando ouviu tiros sendo disparados.

"Depois, vi três pessoas mortas no chão. Sabia que estavam mortas, porque elas estavam sendo envolvidas por plástico preto", ele disse à agência Reuters.

Brasileiro leva 3 tiros em ataque em Paris; há outro ferido

Dois brasileiros foram feridos nos ataques desta noite em Paris, disse a cônsul-geral do Brasil na França, Maria Edileuza Fontenele Reis.

Eles estavam no restaurante Le Petit Cambodge, nas proximidades do Canal Saint-Martin, no 10° distrito da capital, um dos locais onde ocorreram tiroteios que deixaram dezenas de mortos e feridos em estado grave.

Um dos brasileiros feridos tomou três tiros nas costas e seu estado é bem grave, segundo a cônsul-geral. Ele está sendo operado. Ele é um arquiteto que está de passagem por Paris para eventos profissionais, segundo ela.

Um dos brasileiros feridos tomou três tiros nas costas e seu estado é bem grave, segundo a cônsul-geral. Ele está sendo operado. Ele é um arquiteto que está de passagem por Paris para eventos profissionais, segundo ela.

O arquiteto jantava com amigos no Le Petit Cambodge, onde uma estudante brasileira também ficou ferida. Ela tomou um tiro de raspão e está consciente. Segundo informações iniciais, a estudante residiria em Paris.

De acordo com a cônsul, que ainda não pôde confirmar todos os detalhes, os dois estavam jantando com um grupo de amigos no local quando houve o ataque.

"Estou acompanhando de perto com muita apreensão o estado de saúde do arquiteto e não pude ainda confirmar outras informações", afirma Reis.

A cônsul-geral está em contato telefônico nesta noite com um professor, amigo do arquiteto, que está no hospital onde o brasileiro está sendo operado nesta noite.

Testemunhas que estavam no restaurante Le Petit Cambodge disseram à imprensa francesa que cerca de 20 a 30 tiros foram disparados no local, provavelmente com armas automáticas.

A capital parisiense foi alvo de uma série de ataques na noite desta sexta-feira, até o momento não reivindicados.

Dezenas de pessoas morreram por disparos ou explosões, segundo a imprensa local, e diversas foram mantidas reféns na casa de shows Bataclan.

O presidente francês, François Hollande, declarou estado de emergência e fechou as fronteiras do país.

 



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