A polícia de Paris confirmou nesta sexta-feira que os dois irmãos suspeitos do atentado terrorista contra a revista Charlie Hebdo foram mortos pela polícia. Os dois haviam sido cercados em uma fábrica a nordeste de Paris.
As forças de ordem francesas lançaram um ataque aos dois irmãos jihadistas entrincheirados em uma gráfica em Dammartin-en-Goele, onde os Kouachi estavam mantendo um refém. Pouco antes das 16h GMT (14h de Brasília), detonações e explosões foram ouvidas e uma coluna de fumaça começou a subir no local, constataram jornalistas da AFP no local.
O homem que era funcionário da gráfica e estava escondido auxiliando a polícia está bem, de acordo com a rede pública de rádio France Info.
O caso
A caçada policial teve início na quarta-feira depois de um atentado na sede da revista Charlie Hebdo, no centro de Paris, que deixou 12 mortos e onze feridos. Pelo menos três pessoas seriam responsáveis pelo ataque, sendo dois deles, os irmãos Cherif e Said Kourachi.
Polícia mata irmãos suspeitos de ataque a Charlie Hebdo
A polícia identificou os dois após encontrar os documentos de identidade em um carro roubado que usaram para fugir depois do ataque na quarta-feira. Outro suspeito de 18 anos se entregou à polícia na madrugada de quinta-feira, porém alegou inocência.
Os irmãos foram vistos por testemunhas em um posto de gasolina na quinta-feira e, depois, ao nordeste de Paris, próximo a um complexo industrial, na manhã desta sexta. Os dois se esconderam dentro de uma fábrica, mantendo um homem refém. A polícia cercou o local.
A ação policial conseguiu invadir a fábrica e, depois de explosões e tiros serem ouvidos, foi confirmado que Cherif e Said foram mortos.
Os dois teriam ligações com o grupo terrorista Al-Qaeda.
Terrorista de Paris diz ter sido financiado pela Al Qaeda
Sequestrador foi morto simultaneamente à invasão à gráfica. O autor do sequestro em um mercado judaico também teria feito sua ligação para dizer suas últimas palavras
Um dos terroristas que cometeram o atentado contra o semanário Charlie Hebdo, Chérif Kouachi, disse nesta sexta-feira à emissora de televisão BFMTV, antes de morrer em uma operação da polícia, ter sido enviado e financiado pela Al Qaeda na Península Arábica, braço do grupo no Iêmen.
Além disso, a mesma emissora afirmou que o homem que fez reféns em um mercado judeu de Paris, Amedy Coulibaly, afirmou, também em uma ligação, antes de morrer alvejado pela polícia, que "obedecia ao califa do Estado Islâmico", Abu Bakr al-Baghdadi.
A sede da revista Charlie Hebdo, em Paris, foi alvo de um ataque que matou 12 pessoas no dia 7 deste mês. De acordo com testemunhas, dois homens encapuzados invadiram a redação armados de fuzis e, enquanto atiravam nas pessoas que trabalhavam no local, gritaram “vamos vingar o profeta” e Allah akbar (Alá é grande). O semanário já havia sofrido diversas ameaças por publicar charges e caricaturas da figura religiosa de Maomé.
O atentado causou comoção no mundo todo. Manifestações foram organizadas com cartazes escritos "je suis Charlie" (Sou Charlie) e mãos empunhando lápis, o material de trabalho dos quatro cartunistas mortos no episódio.
Cidades da França entraram em alerta máximo para ataque terrorista e 88 mil homens das forças de segurança iniciaram uma caçada aos envolvidos no atentado. Nove pessoas foram presas no dia seguinte. Os irmãos nascidos em Paris e de pais argelinos Cherif Kuachi, 32 anos, e Said Kuachi, de 34, foram identificados como os autores dos disparos. O primeiro já havia sido condenado, em 2008, por ter atuado num grupo que enviava jihadistas ao Iraque.
Nesta sexta-feira (9), a polícia fechou o cerco após os dois irmãos, que estavam foragidos, roubarem um carro e invadirem uma fábrica (gráfica) na cidade de Dammartin-en-Goële, ao norte de Paris. Ao mesmo tempo, no leste de Paris, o Amedy Coulibaly matou três pessoas em um mercado judaico e fez outros dez reféns. Coulibaly, que conheceria um dos irmãos Kuachi, foi identificado pela polícia como o autor dos disparos que mataram uma policial na periferia de Paris no dia anterior.
Após horas de negociações, ambos os lugares foram invadidos pela polícia. Em Dammartin-en-Goële, os irmãos foram mortos. No mercado, o sequestrador foi morto, assim como um refém.