O ministro Ricardo Lewandowski, revisor da ação penal do mensalão, abosolveu nesta quinta-feira todos os réus ligados ao PT no capítulo que trata sobre lavagem de dinheiro no partido. Para o ministro, a acusação não conseguiu provar que houve intenção dos ex-parlamentares e seus assessores em tornar legal recursos que tiveram origem criminosa e nem que eles tivessem conhecimento da ilicitude dos valores.
"Não poderia modificar meu posicionamento, não apenas teórico, para dizer que vi algum tipo de prova de que os réus tinham conhecimento da origem ilícita dos valores. Não restou comprovado o dolo. Eles não lavaram esse dinheiro", afirmou Lewandowski.
Na opinião do relator, portanto, os ex-deputados Paulo Rocha, João Magno e Professor Luizinho, além do ex-ministro Anderson Adauto devem ser absolvidos. Anita Leocádia, ex-assessora de Paulo Rocha, e José Luiz Alves, ex-assessor de Anderson Adauto, também foram considerados inocentes por falta de provas.
O voto de Lewandowski coincidiu com o do relator Joaquim Barbosa apenas em relação a três dos réus: Anita Leocádia, José Luiz Alves e Professor Luizinho. Ao absolver os três, o revisor parabenizou Barbosa pelo voto "irretocável e impecável". "Eram pessoas secundárias, subalternas, que cumpriam ordens. Não tinham poder de mando nesse caso", justificou Lewandowski sobre Anita e Alves.
Como forma de dar um arcabouço geral aos acusados neste item do julgamento, o quinto desde o início do caso, o ministro reafirmou que o dinheiro recebido pelos réus tinha como objetivo o pagamento de despesas de campanha, o famoso caixa dois, tese encampada apenas por Lewandowski.
"Verifico que os recursos recebidos por meio de Delúbio Soares foram largamente utilizados, exatamente como acusa o Ministério Público, para financiamento futuro e pretérito pagamento de dívidas. Destinou-se ao financiamento de campanha. Não houve a utilização de um mecanismo de lavagem, de um banco ou instituição financeira", afirmou o revisor.
Os demais ministros devem iniciar ainda hoje a votação sobre este item. Com isso, a análise da conduta dos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, acusados de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, deve ficar para a próxima sessão, na segunda-feira. Este será o penúltimo capítulo do processo, restando ainda a análise da formação de quadrilha envolvendo 22 acusados, entre eles José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério.
