O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores acatou na sexta-feira, 29, o pedido de refiliação ao partido do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Ele havia sido expulso da legenda em outubro de 2005, apontado como um dos pivôs do esquema do mensalão. Réu no processo que deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal no ano que vem por formação de quadrilha e corrupção ativa, Delúbio obteve o apoio da maioria dos petistas: foram 60 votos a favor, 15 votos contrários e duas abstenções.
Um dos fundadores do PT em Goiás, Delúbio já havia tentado voltar ao partido em 2009, mas a tentativa não prosperou por conta da pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Presidência
Na reunião, o PT também elegeu o deputado estadual Rui Falcão (SP) para comandar o partido até 2013. Ele ocupava o cargo interinamente desde março, por conta da licença médica de José Eduardo Dutra.
Dutra comunicou sua renúncia ao Diretório Nacional, apresentando laudos médicos que apontavam problemas de saúde. A renúncia abriu caminho para a efetivação de Rui Falcão, por unanimidade. Durante a campanha presidencial, o deputado foi acusado de conhecer um suposto dossiê com informações sobre a filha do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ele nega a produção de tal dossiê.
O mensalão
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema. O caso veio a público quando foi denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson. Segundo Jefferson, atual presidente nacional do PTB, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Em janeiro de 2008, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com o acordo, Pereira teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos.
No relatório, Barbosa apontou o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ex-presidente do PT, deputado José Genoino (SP); o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; e o ex-secretário-geral Silvio Pereira, como núcleo central do esquema. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genuíno e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
O voto do relator apontou ainda que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto por Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A denúncia inclui ainda parlamentares do PT, do PP, do PR (ex-PL), do PTB e do PMDB. Entre os acusados está o ex-deputado federal Roberto Jefferson. O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha responde processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em setembro do ano passado, saiu a primeira sentença do caso, quando a Justiça Federal condenou o advogado Rogério Lanza Tolentino, apontado como sócio do publicitário Marcos Valério, a sete anos e quatro meses de prisão, mais pagamento de 3.780 salários mínimos, pelo crime de lavagem de dinheiro.