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Com as limitações impostas pela nova Lei Eleitoral, os postulantes à Presidência encontraram um filão digital para conquistar votos. Eles estão explorando, pela primeira vez em uma disputa nacional, um meio de comunicação alternativo muito popular no Brasil, o Orkut.
A maior comunidade de um presidenciável no site internacional de relacionamentos é a do candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin. Até às 19h17 desta quinta-feira, eram 81,4 mil membros, quase o dobro dos usuários que integram a comunidade "Nós votamos Lula presidente", com 46,5 mil pessoas.
A senadora Heloísa Helena, do Psol, está na cola do petista. Com 44,4 mil, ela foi a candidata que mais cresceu nos últimos dias, um salto de quase 3 mil novas adesões desde a segunda-feira, quando a comunidade foi monitorada pela Reuters.
O Brasil é hoje o país com o maior número de membros no Orkut, atingindo aproximadamente 15 milhões de usuários. Para o jornalista e blogueiro Marcelo Tas, entusiasta da internet no país, o movimento tem a ver com a nova Lei Eleitoral, que restringiu bastante a margem de manobra dos candidatos na propaganda. "As pessoas com criatividade vêm conseguindo gerar novos meios de divulgação. Só o horário eleitoral não basta. Estou adorando esse barulho na internet, pois apresenta uma conversa que não existe nos debates da TV", avaliou.
Aprovada pelo Congresso no ano passado, a lei em vigor limita a atuação dos partidos e dos candidatos, proibindo, por exemplo, a realização de showmícios e distribuição de brindes.
Em geral, as comunidades dos presidenciáveis são criadas por militantes partidários, com ou sem conexão direta ao núcleo central da campanha. Nos tópicos de bate-papo, os internautas convocam colegas virtuais para carreatas, comícios e protestos, com links aos sites oficiais dos candidatos.
O Orkut, da empresa de busca Google, foi criado em janeiro de 2004 para ser um grande ambiente virtual de amigos, seguindo a máxima de que todas as pessoas no mundo podem estar conectadas por uma rede de, no máximo, cinco intermediários. Os políticos seguem o mesmo ideal, mas para conquistar votos. "O problema é que, assim, o Orkut deixa de ser uma comunidade de relacionamento e passa a ser uma comunidade de propaganda eleitoral", disse Beth Saad, professora da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em mídia eletrônica.
A comunidade de Alckmin festeja no site o recorde de membros: "A maior comunidade de um candidato a presidente. Já vencemos no Orkut". Filiado ao PSDB desde os 16 anos, o criador desse espaço é o estudante de Administração Pública Thierry Besse, 20. Ele monitora diariamente o crescimento dos outros candidatos no site e confessa que a comunidade de Heloísa Helena já foi maior que a de Alckmin seis meses atrás. "Ela sempre foi um fenômeno no nosso público. Na última terça-feira, a nossa comunidade cresceu 1,2 mil membros, a do Lula uns 600, e a da Heloísa mais de 2 mil. É um número muito alto", disse.
Na comunidade tucana, o usuário tem a opção de colar em sua foto digital um banner com as inscrições "Geraldo Alckmin Presidente" ou "Não voto em que não vai a debate", numa referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ausente no primeiro confronto dos candidatos, realizado pela TV Bandeirantes na segunda-feira.
A comunidade de Heloísa Helena foi criada também por um universitário. O estudante de Biologia Omar Garcia, 29 anos, filiado ao Psol, espera que sua candidata supere na Web o presidente Lula e roube eleitores de Alckmin. "Eu me dedico a isso de forma militante. Estamos crescendo muito. Nosso objetivo agora é ultrapassar Lula e, depois, atrair os usuários da comunidade do Alckmin. A senadora cresceu de forma assustadora exatamente depois do debate", comentou.
O moderador da comunidade "Lula Presidente" não foi localizado pela reportagem.
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