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Para ressuscitar a economia, em sua totalidade, há a necessidade de renúncias e metamorfose na ideologia de quem nos governa. Até economistas clássicos, que Marx condenava “sacerdotes da burguesia”, representavam a economia não como uma “técnica”, mas como “economia política”, uma ciência social fundadora e geral. Em nosso país, Brasil, os economistas subiram à posição de expoentes do poder e desempenham seus papéis de servos da ordem, como poderosos a serviço do mundo globalizado.
Como superpoderosos, dissociam a economia da sociedade e do solo histórico, convertendo-se em tecnocratas e, por vezes, em aprendizes.
O atual governo se despertou e começou a perceber que a economia é um sistema independente e sua plasticidade exprime as estruturas e dinamismo que tornam tal sistema em si e para si. Daí a dificuldade encontrada, pela equipe governamental, em conter a fúria do mercado globalizado.
Mas, apesar de tudo, podemos sugerir remédios em doses homeopáticas, para untar tal crise. Uma dessas receitas é o próprio presidente Lula colocar em prática tudo aquilo que ele prometera e afirmara, quando não era presidente, ou seja, moralizar o sistema público, começando pelo próprio governo: executivo, legislativo e judiciário.
É inadmissível o que ocorreu com os nossos representantes. Pois, a decisão de aumentar a verba de gabinete dos deputados e senadores, além de um aumento imoral que os parlamentares já tiveram recentemente, só mostra uma realidade: nossos representantes, que lá estão, têm como única preocupação o próprio bolso. Salvo raras exceções, é claro. Notamos que ninguém está preocupado com o cidadão comum. O que existe no legislativo é um verdadeiro jogo de interesses. Eles querem viver bem à custa da miséria dessa gente sofrida e miserável. É, realmente, assustador o novo aumento que o legislativo fez para si próprio. Até quando vamos assistir, passivamente, a espetáculos como esse? Podemos parafrasear João Bosco e Aldir Blanc: “Mal, isso aqui vai mal, mas viva o carnaval!”
O interessante, disso tudo, é o efeito cascata, ou seja, os deputados estaduais, bem como os vereadores, também, sentem-se no direito desse aumento “justo”. O efeito cascata será inevitável.
Nossa Constituição está sendo rasgada e enxovalhada, pelos próprios parlamentares. O pior de tudo é que a promessa de ruptura com a imoralidade, que eles sempre defenderam, não se viabilizam. Temos de multiplicar a nossa capacidade de luta contra essa imoralidade praticada por aqueles que sempre defenderam a honestidade, a dignidade e a igualdade.
O “viva da mudança” proposta pelo PT e o sr. Lula foi sufocado em nossas gargantas, antes mesmo de se completarem três meses de governo com o slogan: “Mudança já!”.
Continuamos na estaca zero, forçados a forjar uma sociedade civil democrática e civilizada, na qual sentimos, em virtude das omissões, a angústia de ser brasileiro.
(*) Gilberto Jordão é professor universitário
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