Ameaçado de cassação por receber R$ 4,1 milhões do esquema de caixa dois operado pelo PT e o empresário Marcos Valério, o líder do PP na Câmara, José Janene, pode evitar a perda do mandato e ainda ganhar aposentadoria por invalidez. Ele sofre de uma grave doença cardíaca e deve ser submetido no próximos dias a uma junta médica, para avaliar se possui condições de fazer pessoalmente sua defesa no Conselho de Ética, como determina o regimento. Nesta terça-feira, o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou que deverá solicitar a aposentadoria de Janene caso os médicos constatem que, de fato, ele não possui condições de se defender.
Porém, para submetê-lo à avaliação dos peritos, antes Izar terá de encontrar o deputado. Segundo o Jornal da Globo, Janene não foi localizado em sua casa, no município de Londrina (PR), nem no escritório, na mesma cidade. Nesta terça-feira, se completaram 113 dias que o parlamentar não aparece na Câmara, porém sua assessoria garante que ele se encontra em Curitiba (PR), realizando exames médicos.
Delegado acusa Janene de pressão para nomear aliado
Durante depoimento prestado nesta terça-feira à CPI dos Correios, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, declarou que foi alvo de pressões de um dos parlamentares "cassáveis" para nomear o superintendente da PF para o Estado do Paraná.
Ele, que compareceu à comissão para explicar mecanismos de combate à corrupção, inicialmente preferiu não mencionar nomes na sessão pública. Porém, reservadamente, revelou para o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP) que se referia a Janene. Segundo Torres revelou à imprensa mais tarde, o deputado indicou o delegado Sandro Roberto Vianna, titular da delegacia da PF em Londrina até o final de 2005, quando foi transferido para Marília (SP).
O delegado garantiu a Sílvio Torres que não atendeu a solicitação de José Janene.
|