Laudo complementar do legista Paulo Vasques sobre as circunstâncias da morte do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel reafirmam a tese de que o petista foi torturado antes de morrer baleado em 2002. As conclusões de Vasques, publicadas na edição desta terça-feira do jornal Folha de S.Paulo, coincidem com a análise feita anteriormente por outro perito, Carlos Delmonte Printes, morto em outubro - e contrariam afirmações da Polícia Civil, a qual sustenta que Daniel foi vítima de crime comum.
Pintes, morto em circunstâncias ainda não esclarecidas, afirmou em agosto, durante depoimento ao Ministério Público de São Paulo, que nunca tinha avaliado um caso com "ritual de tortura, de crueldade e a desproporcionalidade que se verificou no exame do corpo do prefeito". Ele declarou ainda que teria sido rebaixado de cargo pela cúpula da Polícia Civil de São Paulo por defender publicamente a hipótese de tortura.
De acordo com a Promotoria Criminal de Santo André, que invetiga o caso, há fortes indícios de que o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, foi o mandante do crime. Sombra, que estava na companhia do ex-prefeito quando este foi seqüestrado, foi denunciado pelo suposto crime, chegou a ser preso mas agora responde ao processo em liberdade.
O Ministério Público acredita que ele teria ordenado a execução porque Celso Daniel teria se oposto a manutenção de um esquema de cobrança de propina na cidade que teria beneficiado o empresário. Daniel teria um dossiê com detalhes do caso, e esta seria a motivação da tortura.
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