A sucessão de denúncias contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, referentes a supostas irregularidades no financiamento da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, levou o governo a fechar um acordo para que Palocci deponha no Congresso - mas fora do âmbito da CPI dos Bingos, dominada pela oposição. Ontem, o próprio ministro telefonou a senadores do PFL e PSDB e marcou seu comparecimento, após o feriado do dia 15, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A intenção é evitar os ataques oposicionistas na CPI e mais desgastes, que poderiam colocar a permanência de Palocci no cargo em risco. Oficialmente, a "visita" à CAE servirá para falar da conjuntura econômica, mas também terá como objetivo esclarecer as acusações, sobretudo quanto ao suposto envio de dinheiro cubano para custear despesas do PT nas eleições de 2002, denunciado por ex-assessores de Palocci como Rogério Buratti, que foi auxiliar do ministro quando o mesmo era prefeito de Ribeirão Preto (SP).
Palocci foi o coordenador de campanha de Lula e é alvo de denúncias de várias irregularidades relativas ao segundo mandato como prefeito de Ribeirão Preto (SP) - abreviado para que assumisse suas funções no pleito de 2002.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Palocci tomou a iniciativa de depor espontaneamente ao saber que, ontem, o relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), estava disposto a votar o requerimento de sua convocação - hipótese ainda não descartada. Ele falou primeiro com o Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), segundo o Estadão. ACM teria concordado com a decisão do petista, afirmando que ele "não deve ser exposto", a menos em último caso".
Além do caso Cuba, denunciado pela revista Veja, nesta semana outra acusação deixou o ministro em situação desconfortável. Anteontem, uma testemunha, alegadamente ligada ao PT, afirmou que o empresário Roberto Carlos Kurzweil teria conseguido R$ 1 milhão de dois empresários angolanos, donos de bingos em São Paulo, atuando em nome de Palocci. O dinheiro teria se destinado à campanha de Lula.
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