O delegado da Polícia Federal Sérgio Menezes afirmou que deve enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF), até o final do mês, o caso em que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), é acusado de cobrar um "mensalinho" enquanto era primeiro-secretário da Casa. Segundo o delegado, há indícios suficientes de cobrança de propina para manter a concessão do restaurante Fiorella, no 10º andar do anexo 4 da Câmara.O processo deve ir ao STF pois, por ser deputado, Severino tem foro privilegiado. O presidente da Câmara passará da condição de acusador para investigado.
O inquérito foi aberto na PF a pedido do próprio de Severino, que alegava uma suposta tentativa de extorsão pelo empresário Sebastião Buani, que tem a concessão do restaurante Fiorella.
A situação se inverteu quando o funcionário do restaurante Izeilton Carvalho entregou à PF uma cópia do documento que comprova a prorrogação da concessão do restaurante de forma ilegal. Severino negou que a assinatura no termo fosse sua. Mas a autenticidade do contrato ainda está sendo analisada pela PF, que deve divulgar o laudo até quinta-feira.
Nesta segunda-feira, mais três funcionários do restaurante prestaram depoimento. Eles confirmaram que entregavam dinheiro a Severino na secretaria da Câmara a pedido de Buani.
Um deles, José Ribamar, disse à PF que a filha do empresário Sebastião Buani, Gisele, pedia aos funcionários mais antigos que levassem envelopes de dinheiro ao gabinete da Primeira Secretaria da Câmara dos Deputados entre 2002 e 2003, período em que o atual presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), era o primeiro-secretário.
"No final do dia, mandavam a gente para o gabinete do deputado Severino Cavalcanti. A Gisele falava para a gente ter cuidado com o envelope porque havia dinheiro. E recomendava entregar o material diretamente para a secretária do Severino", contou Ribamar.
O delegado também recebeu nesta segunda-feira o extrato da conta de Buani no Banco Bradesco em que está registrado o saque de um cheque de R$ 40 mil. A documentação registra movimentações entre os anos de 2002 e 2003 - dentre eles, o saque de R$ 40 mil que teria sido repassado por funcionários de Buani a Severino.
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