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O tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri confirmou hoje, durante depoimento na CPI da Compra de Votos, que a viagem de Marcos Valério a Portugal, quando encontrou-se com presidente da empresa Portugal Telecom, foi coordenada pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Palmieri conta que que Jefferson lhe avisou, no início de janeiro, que tinha conversado com Dirceu e ele (Palmieri) teria que ir a Portugal para falar com a Portugal Telecom junto com um emissário do PT, Marcos Valério.
Palmieri confirmou que Valério era o representante do PT e ele, do PTB. Entretanto, ele não participou da reunião entre o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta, e Valério. "Acompanhei Marcos Valério ao prédio da empresa, subi com ele até o último andar, mas ele impediu que eu participasse da reunião com o presidente da empresa, Miguel Antônio Igrejas Horta Costa", declarou. O fato irritou Palmieri e Jefferson: "Mais uma vez fomos enganados pelo PT", teria dito o deputado.
Ainda segundo o relato do secretário, a reunião com o presidente da Portugal Telecom durou aproximadamente 40 minutos e, ao final, Valério teria dito que o problema financeiro dos dois partidos seria resolvido em 20 dias no Brasil. "Marcos Valério disse que a Portugal Telecom tinha interesse nas teles daqui, especialmente a Telemig, e ele poderia intermediar negócio", contou também.
Marcos Valério disse a Palmieri que, se saísse dinheiro da Portugal Telecom para beneficiar PT e PTB, seria em torno de R$ 20 e 24 milhões. Palmieri negou que "tenha pavor" de Jefferson, como afirmou Marcos Valério em seu depoimento. "Somos muito amigos, foi no casamento da minha família. Existe uma grande amizade, não tenho motivo para ter pavor", disse.
Palmieri diz que lista de Valério está errada
Emerson Palmieri afirmou que os registros de saques da lista de Marcos Valério estão errados na parte atribuída ao PTB. Ele negou que tenha recebido R$ 2,488 milhões, como registra o documento. Esse valor estaria fora dos R$ 4 milhões repassados a Roberto Jefferson pelo PT, confirmado por Palmieri. O ex-tesoureiro também disse que não conhece Luiz Carlos Miranda Faria, cujo nome aparece em lista apresentada por Marcos Valério como sacador de R$ 1,068 milhão para o PTB.
Palmieri confirmou dois saques, de R$ 145 mil, e de R$ 140 mil, feito por Alexandre Chaves, funcionário do PTB, em Belo Horizonte. Os valores foram usados para pagar gastos do PTB com as agências de publicidade que realizaram os programas de TV do partido. Palmieri também confirmou o saque de R$ 200 mil para ajudar a filha de Alexandre Chaves. A mulher era namorada do deputado José Carlos Martinez - ex-presidente do PTB, morto em outubro de 2003, num acidente aéreo.
O ex-tesoureiro contou que estava junto com Roberto Jefferson quando ele recebeu as duas parcelas de dinheiro vindas do PT, de R$ 2,2 milhões e R$ 1,8 milhão. Palmieri ajudou a separar o dinheiro e guardou a quantina no cofre do PTB, entregando a chave para Jefferson, que pediu sigilo. Ele contou que, dias depois, Palmieri pediu a Jefferson que fosse colocado um segurança no diretório, mas Jefferson disse que o dinheiro não estava mais lá. O fato teria ocorrido 3 a 4 dias depois do último saque.
Palmieri afirmou que não sabe se os recursos foram distribuídos por Jefferson apesar de ter sido repetidamente questionado pelos parlamentares da CPI. "Na minha opinião, acho que não foram", disse. Ele negou também repetidamente a existência do esquema de pagamento de mesadas dentro do PTB. "De coração, eu nunca vi distribuição mensal de dinheiro no PTB", disse.
Dirceu sabia de valores para PTB
Palmieri confirmou que o PT prometeu repassar ao PTB R$ 20 milhões em quatro parcelas em uma reunião com a presença do ex-presidente do PT José Genoino. Segundo ele, nessa mesma reunião Genoino disse que avisaria José Dirceu sobre o combinado. Entretanto, Palmieri disse que nunca participou de reunião com Dirceu.
CPI adia escolha de novo vice
A CPI Mista da Compra de Votos ainda ouve hoje o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas. Os parlamentares decidiram suspender a escolha do substituto do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) na vice-presidência da comissão. A votação ficará para a quinta-feira, quando ocorre reunião administrativa da CPI.
O adiamento foi proposto pelos deputados José Rocha (PFL-BA) e Luiz Antonio Fleury (PTB-SP). Os deputados argumentam que a eleição atrasaria o início do depoimento dos ex-tesoureiros.
Pimenta renunciou ao posto na quinta-feira, depois de ter sido acusado de quebra de decoro parlamentar em representação encaminhada pelo PSDB à Câmara. O motivo da acusação foi o fato de o parlamentar ter apresentado uma lista sem origente obtida do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, com nomes de supostos beneficiários de recursos das suas empresas.
Os parlamentares de oposição que integram a CPI pedem que o novo vice-presidente não seja do bloco do governo. A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) pediu hoje "um vice mais independente, um vice que representasse mais a oposição", disse ela.
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