A reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar nos próximos dias, com a acomodação de membros de partidos como PMDB e PP, poderá ser "um tiro no pé" no projeto de reeleição do PT para o ano que vem. A afirmativa é de deputados da esquerda do partido.
"O maior catalisador da reeleição não é a divisão do poder com partidos conservadores, mas fazer uma crítica a esse modelo econômico e consolidar as conquistas sociais", disse neste domingo o deputado Paulo Rubem (PE), durante encontro da esquerda da legenda em São Paulo.
Na reforma devem ganhar ministérios a senadora Roseana Sarney(MA), de saída do PFL, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o deputado Ciro Nogueira (PP-PI). Enquanto o petista Humberto Costa, ministro da Saúde, deve perder o posto.
Para Rubem, os novos ministros - se confirmado- não representarão, devido a seus perfis, qualquer garantia de que haverá mais recursos para áreas sociais ou que a distribuição de renda do país será melhorada. Para o deputado Ivan Valente (SP), reforma "de direita" será o um "tiro no pé" para os planos de reeleição de Lula em 2006.
"Como se viu na eleição de Severino Cavalcanti (à Câmara), a base aliada não é confiável. Ela não é programática e vai navegar ao sabor de interesses, essa base pode se deslocar e abandonar Lula, numa futura eleição presidencial. E ele não terá nem o apoio da direita e ele já vai ter mandado para casa militantes do PT", disse.