O Ministério Público Federal vai entrar com uma ação judicial pedindo que a Ágora, uma ONG presidida por um amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, devolva quase R$ 900 mil aos cofres públicos, segundo reportagem publicada pelas revistas “Veja” e “Época” no fim de semana.
De acordo com a “Veja”, o empresário e presidente da Ágora, Mauro Freitas Dutra, dono da Novadata, que já emprestou sua casa de praia em Búzios para Lula e a primeira-dama Marisa Letícia, colocou à disposição do presidente um avião e foi arrecadador de verbas para a campanha do PT.
A revista também aponta a participação na Ágora de Swedenberger Barbosa, secretário-executivo do ministro José Dirceu (Casa Civil). A reportagem não conseguiu falar com ele.
A reportagem afirma que há pelo menos 54 notas frias de 33 empresas fantasmas na contabilidade da Ágora. A revista levanta a suspeita que as notas eram usadas para desvio de verbas.
Em comunicado à imprensa na sexta-feira, a diretoria da Ágora afirma que “é a principal interessada em averiguar a real extensão dos erros materiais/contábeis apontados”. Segundo a nota, “todos os recursos públicos e privados recebidos foram integralmente aplicados nas atividades desenvolvidas pela Ágora”. De acordo com a “Veja”, Dutra reconhece a existência das notas frias. Procurado ontem em sua casa, por telefone, não foi localizado.
A organização recebeu no final de 2003, R$ 7,5 milhões do Ministério do Trabalho, das verbas do Primeiro Emprego, para treinar jovens entre 16 e 24 anos. A pedido do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o Tribunal de Contas da União aprovou na sexta-feira uma auditoria nas contas da Ágora com o Ministério do Trabalho.
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