O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou hoje a pedir a participação da sociedade brasileira no combate aos principais problemas do país, entre eles, a fome. Segundo Lula, nenhum governo pode resolver os problemas de uma nação se não tiver a habilidade política de envolver a sociedade para fazer o que o Estado não tem condições de realizar sozinho. "O Estado pode menos do que as pessoas pensam que ele pode, mas o poder de indução do Estado é tão grande que, se for feita a política correta de envolvimento da sociedade, eu não tenho dúvida nenhuma que a gente consegue fazer o milagre de acabar com a fome neste país", afirmou.
Para os críticos do programa Fome Zero, o presidente disse que, em breve, eles terão que reconhecer que o programa deu certo. "Eu não tenho dúvida de que aqueles que acham que nós não vamos conseguir acabar com a fome nesse país, daqui a alguns anos terão que dizer em alto e bom som: eles conseguiram fazer, com pouco dinheiro, aquilo que outros não conseguiram fazer com muito dinheiro", afirmou Lula.
O presidente participou hoje da assinatura de parceria entre a Petrobras e o Fome Zero. A empresa investirá R$ 303 milhões em projetos sociais que beneficiarão 4 milhões de brasileiros até 2006. Lula usou o exemplo da Petrobras para mostrar como é possível multiplicar os recursos que o Estado dispõe. "Nós não temos o direito de ficar reclamando do dinheiro que nós não temos. Nós temos que fazer como faz uma dona de casa ou um casal quando recebe menos do que precisava, às vezes menos do que merecia, e com aquele dinheiro eles precisam fazer a sua família sobreviver. Nós temos pouco, mas temos que colocar nossa criatividade acima dos recursos que nós temos, envolvendo a sociedade, para que a gente tenha com a sociedade a boa cumplicidade para que façamos a boa política pública", disse.
Um dos projetos do Petrobras Fome Zero é o Molhar a Terra, que tem como meta abastecer com água 50 comunidades carentes, ainda este ano. A previsão para os próximos 4 anos é que centenas de poços onde a Petrobras não encontrou petróleo, mas achou água, sejam direcionados às comunidades do semi-árido. Até agora, muitas vezes por razões políticas, esses poços eram abandonados e a comunidade da região não tinha acesso à água encontrada.
"É impensável, para qualquer cidadão do planeta Terra, uma empresa perfurar um poço em uma região semi-árida, em uma região onde a água vale mais do que o petróleo, do que o ouro, e ela não encontrar petróleo, mas encontrar água e, por falta de disposição política, essa empresa toma a decisão de tampar o poço e o povo que sofra", disse o presidente Lula.
Durante a solenidade, a orquestra Escola Petrobras para Música, composta por 61 jovens carentes do estado do Rio de Janeiro, tocou o hino nacional e a composição Batuque, de Lorenzo Fernandes. O presidente Lula elogiou o trabalho dos músicos, cumprimentou a maestrina Atelisa de Salles e simulou que estava regendo a orquestra.
O lançamento do cartão de fidelidade da BR distribuidora é outra das propostas da Petrobras. O cartão pretende estimular a participação do público consumidor no programa Fome Zero. Ao comprar nos postos BR, os clientes acumularão pontos, que poderão ser trocados por produtos originários dos projetos sociais do Fome Zero ou convertidos em doações para o programa.
O convênio entre a Petrobras e o Fome Zero prevê, ainda, a capacitação de 1.600 educadores para alfabetizar 40 mil jovens e adultos que trabalham no campo, até 2006. O projeto irá implantar, no mesmo período, 23 postos de ensino que irão oferecer 6.800 vagas para treinamento profissional de frentistas, promotores de venda e técnicos e lubrificação.
Nas cidades, o projeto Agricultura Urbana permitirá o aproveitamento das áreas próximas às faixas de dutos das Companhias para a criação de hortas e viveiros de mudas comunitárias. Está prevista a criação de 400 hortas, até 2006, para atender a cerca de 800 mil pessoas.
Uma outra iniciativa do Petrobras Fome Zero pretende envolver os motoristas de caminhão no combate à prostituição e ao trabalho infantil, estimulando-os a denunciar os abusos contra crianças. Os projetos serão desenvolvidos de forma integrada, em todo o país.
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