O governo brasileiro disse hoje (17) que a grande participação popular no plebiscito promovido ontem (16) pela oposição venezuelana para avaliar o governo de Nicolás Maduro e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte foi uma mostra “inequívoca da vontade do povo de pronta restauração do estado democrático de direito na Venezuela”.
Em nota, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil condenou o ataque promovido por forças paramilitares a eleitores que aguardavam para votar na zona oeste de Caracas, que provocou a morte de duas pessoas e feriu gravemente outras quatro.
“O governo brasileiro exorta as autoridades venezuelanas a cancelar a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, cujas regras violam o direito ao sufrágio universal e o próprio princípio da soberania popular”, diz trecho da nota divulgada pelo Itamaraty.
No documento, a diplomacia brasileira ressaltou a urgência na “restauração das competências da Assembleia Nacional venezuela” e que “espera que a vontade popular expressa na consulta inspire a busca de uma negociação efetiva a favor da paz e da democracia na Venezuela”.
Leia a nota do Itamaraty na íntegra (nº 232)
Plebiscito na Venezuela
17 de julho de 2017 - 15:12
O governo brasileiro considera que o elevado nível de participação no plebiscito organizado ontem, dia 16, pela Assembleia Nacional foi mostra inequívoca da vontade do povo venezuelano de pronta restauração do estado democrático de direito no país. Condena o incidente provocado por forças paramilitares na zona oeste de Caracas, com morte e feridos.
O governo brasileiro exorta as autoridades venezuelanas a cancelarem a convocação de uma assembleia nacional constituinte, cujas regras violam o direito ao sufrágio universal e o próprio princípio da soberania popular. Reitera a urgência de que sejam assegurados o quanto antes a restauração das competências da Assembleia Nacional, o usufruto pleno das liberdades públicas e a libertação de todos os presos políticos.
O Brasil espera que a vontade popular expressa na consulta inspire a busca de uma negociação efetiva a favor da paz e da democracia na Venezuela.
“Governo revogado"
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, disse que a oposição conseguiu quase sete milhões de votos a favor da sua proposta no plebiscito e que, com o resultado, o governo Maduro está “praticamente revogado".
A chamada “comissão de fiadores” do plebiscito opositor informou, com base em 95% do total de votos, que mais de 7,18 milhões de venezuelanos participaram da consulta feita à margem do poder eleitoral e que pelo menos 98% deles votaram sim nas três perguntas formuladas.
A votação da consulta, feita à margem do Poder Eleitoral, foi considerada um plebiscito pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD). Já o governo Maduro considerou o referendo como uma "consulta interna entre os partidos da direita" e criticou que ela tenha sido feita "sem cadernos eleitorais, sem biometria, sem auditorias".
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