A sede do MPF em São Bernardo do Campo recebeu a visita do ex-presidente Lula, no último dia 18 de abril, para um depoimento reservado em inquérito (ICP nº 1.34.011.000360/2013-71) que apura suposto superfaturamento nas obras do Museu do Trabalhador (Lula).
Em dezembro de 2016, durante Operação Hefesta, da PF, foram recolhidos diversos documentos na casa do ex-secretário da cidade, Osvaldo Neto, durante a gestão de Luiz Marinho, PT, entre eles planilhas e diversos papéis manuscritos de uma eventual contabilidade paralela do Museu que poderiam ligar a empresa sueca Saab, que venceu a licitação para fornecimento dos 36 caças Gripen, realizada durante os governos do PT de Lula e Dilma, no valor de US$5,4 bilhões, a um conhecido advogado, amigo do ex-prefeito Luiz Marinho e de outros membros do partido.
A perícia realizada pela PF aponta a empresa Saab em anotação com valor de R$1,5 milhão ladeado pelo nome Edson Azarias com a expressão “CAIXA – AZARIAS – MUSEU – SAAB” que, de acordo com a PF, seria, na realidade Edson Asarias, amigo de Luiz Marinho.
Na perícia ainda podem ser verificadas diversas autorizações de pagamento, todas em dólar, realizadas mensalmente de outubro de 2010 até o início do ano eleitoral de 2016, todas emitidas em favor de Edson Asarias, sendo que algumas chegam a valores de até US$39 mil. As emissões guardam semelhança indiscutível com os valores registrados nos manuscritos apreendidos em dezembro de 2016.
Em janeiro e junho de 2016, o @HORA publicou matérias onde já se apontava para um relacionamento da SAAB com Lula, seu filho Luís Cláudio, e o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, PT.
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Asarias, de acordo com informações e alguns documentos, foi contratado para prestar serviços de "MARKETING" do Gripen no Brasil entretanto, Edson Asarias declarou que prestou serviços advocatícios, o que não corresponde aos dados obtidos.
O MPF de Brasília, responsável pela Operação Zelotes, foi então acionado pelo MPF Paulista para que se abrisse uma nova frente investigativa que envolveria a SAAB, Edson Asarias e outras figuras ligadas ao seu círculo de influência.
O advogado amigo de Luiz Marinho, de acordo com fontes ligadas às investigações, poderia ser o operador responsável pela captação de recursos no relacionamento com a SAAB que, oficialmente, não comenta a contratação do advogado e afirmou não ter realizado qualquer contribuição para o Museu do Trabalhador (Lula).
A SAAB afirmou, ainda, que seu relacionamento com o prefeito foi na direção de instalar planta industrial na cidade.
A SAAB (membro do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro - CISB, localizado em São Bernardo do Campo) informou que, com relação a contratos com Asarias, a empresa, por política, “não divulga informações sobre parceiros comerciais, devido a razões estratégicas de negócios”.
A SAAB figura, também, na Operação Zelotes, por contratar "serviços de fachada" o escritório de advocacia "Marcondes e Mautoni" que faria, de acordo com a investigação em andamento, lobby junto ao ex-presidente Lula. Em ação penal na Justiça Federal, Lula e seu filho Luís Cláudio são réus. No processo, dados apontam para um pagamento de € 744.078,00 para o escritório "Marcondes e Mautoni" entre os anos de 2011 e 2015 e, o escritório de advocacia teria repassado R$2,2 milhões para o filho de Lula, Luís Cláudio, a título de patrocínio em marketing esportivo que, de acordo com a acusação, seria contrato de fachada.
Asarias disse à imprensa que teria sido contratado pela SAAB para fazer frente às negociações do polo tecnológico que seria instalado em São Bernardo do Campo. Disse, ainda, que chegou a realizar pelo menos dez viagens à Suécia para tratar do negócio e que, em uma das oportunidades, Luiz Marinho teria ido junto.
Asarias informou que não houve qualquer pedido de apoio para as obras do Museu do Trabalhador (Lula) ou de propina para o ex-prefeito Luiz Marinho durante as negociações que participou.
O defensor de Osvaldo Neto disse que os documentos apreendidos eram meras conjecturas de possíveis recursos a serem levantados de empresas para financiar o acervo que seria exposto no museu que acabou não se concretizando.
A assessoria do ex-presidente Lula informou que ele já deu todos os esclarecimentos sobre o episódio no depoimento prestado como testemunha no último dia 18 de abril na sede do MPF em São Bernardo do Campo.
O ex-prefeito Luiz Marinho, PT, não foi localizado para comentar o conteúdo da reportagem.