Diariamente chegam manifestação que engrossam as fileiras dos já acampados a quase um mês em frente ao Congresso Nacional
Acampados há quase um mês no gramado em frente ao Congresso, com autorização do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um grupo pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff informa que o grupo cresce dia a dia e que a estrutura tem a colaboração para alimentos de diversos produtores de todo o país.
Os acampados articulam mobilizações pelo país e programam para este domingo (15) um grande ato.
O acampamento, que começou com nove pessoas do MBL (Movimento Brasil Livre) em 21 de outubro, ganhou adeptos e saltou para mais de 100 barracas.
Ricardo Honorato, 56 anos, aposentado, admite que não passa a noite no acampamento, mas diz que comparece todos os dias das 7h às 23h. Há moradores de Brasília que passam parte do dia no local.
Segundo os acampados, tendas, mesas, bancos, isopores, gelo, churrasqueiras, comida, bebida, banheiros químicos e mesmo as barracas são frutos de doações.
"Lançamos em grupos de WhatsApp [aplicativo para trocas de mensagens via celular] que precisamos de dinheiro e conseguimos arrecadar fundos para comprar o necessário", disse Honorato. "A população de Brasília tem trazido muita comida. Tanta que às vezes precisarmos pedir para darem um tempo por alguns dias."
Uma das principais auxiliares do grupo é Maria Lúcia Bicudo, filha do ex-deputado Hélio Bicudo, coautor de um dos pedidos de impeachment apresentados à Câmara neste ano. Moradora de Brasília, ela fornece mantimentos e leva manifestantes para tomar banho em sua casa às vezes.
Os primeiros dias, dizem os acampados, foram mais movimentados. Muitos paravam para conversar, tirar fotos. Passado quase um mês, a diversão do grupo agora é criar paródias com desafetos.
Cunha já ganhou uma música especial: "Ou derruba a Dilma agora, ou derrubamos você. Eu quero a Dilma fora e o Lula no xadrez".
Cabe ao peemedebista decidir se dá andamento aos pedidos de impeachment na Câmara. Ele disse que faria isso em novembro, mas, com o distanciamento anunciado pelo PSDB, aliados acham pouco provável que ele se arrisque num embate com o governo, ainda mais agora que é alvo de um pedido de cassação.
Na sexta (13), a presença dos acampados gerou um princípio de tumulto quando manifestantes contrários ao impeachment, e favoráveis à cassação de Cunha, passaram pelo local.
Durante a semana centenas de motos chegaram a Brasília para engrossar o novimento. Chegam, também, diariamente ônibus lotados com insatisfeitos com as decisões de Dilma Rousseff, o objetivo dos grupos é reforçar o acampamento que quer que a presidente sofra impeachment e saia da presidência.
Apesar de estarem acampados a quase um mês, as principais redes de TV não noticiaram qualquer informação sobre o movimento. "A mídia está dominada pelo PT", disse um acampado. "Quando precisam gravar alguma matéria aqui a Globo muda a posição da câmera para que o acampamento não apareça", disse um dos organizadores.
O grande evento marcado para hoje, 15 de novembro, dia da proclamação da república, escolhido por seu significado democrático, não terá a presença da presidente Dilma Rousseff no país. A presidente deixou o país para a reunião do G20 na última sexta-feira, 13.