Grampo da PF mostra telefonema de Lula para executivo da Odebrecht, diz jornal

 

Politica - 15/08/2015 - 07:10:30

 

Grampo da PF mostra telefonema de Lula para executivo da Odebrecht, diz jornal

 

Da Redação com agências

Foto(s): Ricardo Stuckert/Instituto Lula / Divulgação

 

Ex-presidente aparece em grampo telefônico de executivo da Odebrecht

Ex-presidente aparece em grampo telefônico de executivo da Odebrecht

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu nos autos da 14ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Erga Omnes, na transcrição de uma interceptação telefônica. Lula conversou com o executivo Alexandrino de Salles Ramos Alencar, da empreiteira Odebrecht, em 15 de junho deste ano, conforme relatório enviado pela Polícia Federal (PF) ao juiz Sérgio Moro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro dias após a ligação, Alexandrino — que era monitorado pelos investigadores — foi preso com o presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht. Lula, que não estava grampeado, teria se mostrado preocupado com "assuntos BNDES" na conversa.

"Outro contato considerado relevante ocorreu em 15 de junho de 2015 às 20:06, entre Alexandrino Alencar e o ex­-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nele ambos demonstram preocupação em relação aos assuntos do BNDES referindo­-se também a um artigo assinado por Delfim Netto que seria publicado no dia seguinte sobre o tema. Alexandrino disse também que Emilio (Emilio Odebrecht) teria gostado da nota que o Instituto Lula (…) teria lançado depois da divulgação do laudo pericial acerca da contabilidade da empresa Camargo Corrêa, que teria doado R$ 3 milhões ao instituto entre 2011 e 2013 e efetuado pagamentos à Lils Palestras Eventos e Publicidade LTDA na ordem de R$ 1,5 milhão no mesmo período", apontou o delegado federal Eduardo Mauat da Silva.

Leia a Integra do Relatório da Polícia Federal (Leia em PDF)

O relatório ainda cita Marta Pacheco Kramer, executiva da Odebrecht. Conforme a PF, Alexandrino teria dito que ela seria ligada ao Instituto Lula. O executivo recebeu ligações de Marta na manhã em que a 14ª fase da Lava-Jato foi deflagrada, às 6h06min.

Ao Estado de S. Paulo, o Instituto Lula disse que não vai comentar a referência ao ex-­presidente e negou que Marta tenha vínculo com o instituto. A Odebrecht informou que Marta é advogada da CNO e que não tem nenhuma relação com o Instituto Lula.

 

Lula Lava Jato

 

Lula Lava Jato

 

Lula Lava Jato

 

Lula Lava Jato

 

Lula Lava Jato


Sinais claros de que Lula está na mira

O nome da nova fase da Lava-Jato é Operação Erga Omnes, expressão latina que significa "contra todos", ou que "a todos atinge". Todos quem? Pode-se deduzir que é uma referência aos presidentes de duas das maiores empreiteiras do Brasil, a Odebrecht e a Andrade Gutierrrez, mas há um subtexto indicando que o significado do nome é mais amplo e mais profundo. E que o alvo final da Operação Lava-Jato é o ex-presidente Lula.

Com base nas delações premiadas, os investigadores estão montando um quebra-cabeça que fica mais nítido a cada nova fase. Quando ninguém da Odebrecht foi preso antes, a pergunta mais ouvida era: por que não, se é uma das construtoras que mais negócios fez com o governo? A resposta a essa pergunta foi dada nesta sexta-feira: era preciso amarrar melhor as pontas, cercar-se de provas e fechar todos os furos da rede que o juiz Sergio Moro e seus parceiros na Lava-Jato vêm tecendo com paciência de uma Penélope.

A operação Erga Omnes foi precedida do vazamento de informações sobre patrocínios ao Instituto Lula e de pagamentos milionários da Odebrecht por palestras do ex-presidente.

Os petistas correram para lembrar que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também ganha de empreiteiras para o mesmo fim e que o Instituto FHC recebeu doações milionárias de construtoras. Se "todos" é todos mesmo, é possível que a Lava-jato tente reconstituir as relações das empreiteiras investigadas com o governo FHC, mas o foco está fechado nas gestões petistas, em parte pelo volume de financiamentos concedidos pelo BNDES para obras no Exterior.

Lula nunca escondeu que viajou para diversos países patrocinado pela Odebrecht. O argumento era de que estava defendendo os interesses do Brasil e usando sua influência para garantir contratos a empresas brasileiras.

Mais até do que o presidente Marcelo Odebrecht, é o diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino de Alencar, o homem que pode ajudar a detalhar as relações entre a empresa e os políticos. Afável e envolvente, Alexandrino construiu sólidos laços com o Rio Grande do Sul. Era o homem a quem políticos de diferentes partidos recorriam em busca de contribuições de campanha. Nos últimos anos, a Braskem (uma das empresas do grupo) figurou entre as principais doadoras.

Na função de diretor de Relações Institucionais, Alexandrino contratou Lula e o acompanhou em viagens ao Exterior. Em 2012, quando o governador Tarso Genro visitou o Porto de Mariel, em Cuba, fez as vezes de anfitrião, já que a obra foi executada pela Odebrecht e financiada pelo BNDES. Também acompanhou a viagem de Tarso à China, em 2013. Era o interlocutor na discussão da parceria para a construção da ERS-010, concorrência realizada na gestão de Yeda Crusius, mas as exigências da empresa não foram aceitas pelo governo petista.

Com informações da AE e Rosane de Oliveira

 



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