Cunha pediu propina de US$ 5 mi, diz delator Júlio Camargo

 

Politica - 17/07/2015 - 05:29:09

 

Cunha pediu propina de US$ 5 mi, diz delator Júlio Camargo

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Eduardo Cunha, PMDB, presidente da Câmara dos Deputados

Eduardo Cunha, PMDB, presidente da Câmara dos Deputados

Em depoimento à Justiça Federal, um dos delatores da Operação Lava Jato, Júlio Camargo, disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu US$ 5 milhões em propina referentes a contratos com navios-sonda da Petrobras. Segundo ele, o peemedebista disse que era “merecedor” do dinheiro em uma reunião no Rio de Janeiro, da qual também teria participado o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

“Fui bastante apreensivo. O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi amistoso, dizendo que não tinha nada pessoal em relação a mim, mas que havia um débito com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões”, disse.

Cunha é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento de delação premiada, ele também foi citado pelo doleiro Alberto Youssef por ter supostamente criado requerimentos na Câmara para pressionar empresas que têm contratos com a Petrobras a pagar propina.

Foi por causa dessa pressão que Camargo disse à Justiça ter procurado o deputado peemedebista. Embora a autoria seja atribuída a Cunha, o requerimento foi protocolado pela ex-deputado Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada do hoje presidente da Câmara.



Delator foi obrigado por Janot a mentir, diz Cunha

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira que o delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo foi obrigado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a mentir. Em depoimento à Justiça, Camargo afirmou que Cunha pediu US$ 5 milhões de propina referentes a contratos com navios-sonda da Petrobras.

“O delator foi obrigado a mentir”, disse Cunha. Questionado por jornalistas sobre quem seria o autor da coação, o peemedebista foi direto: “o procurador-geral”.

Cunha disse ainda que é “muito estranho” que a delação de Camargo tenha vindo a público na véspera de seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV e insinuou que o caso seria uma estratégia do Palácio do Planalto para desviar o foco da presidente Dilma Rousseff (PT) em um momento de crise em que se discute impeachment.

“Há um objetivo claro de constranger o Poder Legislativo, que pode ter o Poder Executivo por trás, com articulação do procurador-geral da República”, disse. “Já gravei um pronunciamento em rede de televisão para falar do que a Câmara está fazendo. No momento em que você tem um aprofundamento de uma discussão de impeachment, de repente querer constranger o Poder Legislativo. Eu acho isso um absurdo e não vou aceitar ser constrangido”, continuou.

Mesmo diante das acusações, Cunha afirmou que não vai alterar o conteúdo de seu pronunciamento, que será transmitido nesta sexta-feira, das 20h25 às 20h30. “Não vou fazê-lo porque eu estou me pronunciando como presidente da Câmara, sobre as atividades da Câmara. Eu não estou me pronunciando para fazer defesa de fatos pessoais”, disse.

Quanto ao conteúdo da delação de Camargo, Cunha disse que se trata de “ilação” e “mentira”. “A mim não vão fragilizar. Eu estou absolutamente tranquilo, a mim não vão fragilizar”, avisou.

 



Links
Vídeo