Arrolado como testemunha de defesa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) disse, hoje, ao final da sessão da CPI em Curitiba, que pedirá ao juiz Sérgio Moro para que seja excluído do rol de testemunhas do ex-tesoureiro petista. “A decisão está tomada, é incompatível. Vou comunicar à Justiça essa incompatibilidade, foi um erro do advogado do Vaccari me arrolar como testemunha”.
Questionado se via sua indicação como testemunha como uma tentativa de constrangê-lo ou atingir a credibilidade da CPI, o deputado preferiu não comentar. “O que posso dizer é que um erro, porque a CPI investiga, e não pode o membro de uma CPI que investiga ser testemunha de um dos investigados”.
Avaliação
O relator se disse surpreso e desapontado com a decisão de cinco dos sete depoentes desta segunda-feira de terem optado pelo silêncio, mas citou que os dois convocados que responderam aos deputados acrescentaram muito ao relatório. Ele disse que o depoimento de Alberto Youssef, apesar de não trazer novidades em relação a sua delação premiada, esclareceu alguns pontos divergentes entre a fala dele e a de Paulo Roberto Costa, por exemplo. Mas, para o relator, o que mais surpreendeu foi o depoimento de Iara Galdino, presa por operar junto a Nelma Kodama. “Foi um depoimento confuso, mas serviu para nos abrir os olhos sobre as corretoras de câmbio, que fizeram todas essas operações milionárias sem exigir as documentações necessárias das empresas e, até agora, não sofreram nenhuma punição, estando, inclusive, operando normalmente. O depoimento evidenciou, também, falha na fiscalização dessas operações de câmbio”, disse.
O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB), disse que estava saindo da primeira sessão em Curitiba “um pouco triste”, por conta dos vários depoentes que não responderam às perguntas (Nestor Cerveró, Fernando Soares, Guilherme Esteves, Adir Assad e Mário Goés). “Não nos frustra, mas não nos deixa feliz. Iremos seguir em frente independente da decisão dessas pessoas de falar ou não. Vamos até o fundo para punir os responsáveis por prejudicar a Petrobras”.
Perguntado se teme que os depoentes previstos para esta terça-feira (entre eles os ex-deputados André Vargas, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa) sigam a moda de ficar calados, ele ressaltou que “não é moda, é um direito previsto em lei, mas esperamos que esse artifício não seja adotado pelas pessoas programadas para depor amanhã”.
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