O presidente da Câmara de São Bernardo, Tião Mateus, do PT, ainda não decidiu apurar os gastos de R$ 32 milhões na construção do prédio da Casa e já criou outra polêmica: a de ampliar o número de cadeiras de 28 para 32 vereadores a despeito de a legislação proibir.
Há três anos a bancada do PT estimulou a ampliação do número de cadeiras, de 21 para 28, na contramão do ex-presidente Lula que, num raro momento de felicidade, chamou a atenção da Câmara ao dizer, em tom de advertência: “O povo não precisa de mais vereadores e sim do atendimento de suas necessidades.”
Nem a bancada do PT nem a totalidade da Câmara deram bolas para Lula, ampliaram o número de cadeiras e continuaram a construção do novo edifício. Estimado em R$ 6 milhões, a construção aumentou, pulou para R$ 32 milhões e, a despeito da promessa do presidente da Casa, Tião Mateus, de apurar eventual superfaturamento e dar uma satisfação à sociedade, até agora nada fez de concreto.
Pelo contrário, busca com declarações extravagantes desviar a obra do edifício da atenção do público. Mais absurda ainda é a sua justificativa do aumento de cadeiras, a de que há muito trabalho para os 28 vereadores. Como o presidente de uma câmara inepta, a pior em qualidade da história do município, pode justificar um absurdo com outro?
Se conhecesse a evolução política do município, do qual é hoje a segunda autoridade administrativa, Tião verificaria que, nos anos 70, os de maior efervescência política, a Câmara de São Bernardo era um verdadeiro teatro no bom sentido de ação política que atraía multidões e jornalistas e, a despeito dos vereadores não possuir nem assessores, se revelavam verdadeiros atores.
A sociedade espera do presidente da Câmara austeridade administrativa, inclusive apurar e informar se houve ou não superfaturamento na construção do edifício da Casa e, em caso positivo, quem levou vantagem. Mas, se continuar a ignorar os apelos da sociedade, com todo o respeito a Tião e aos seus colegas, é melhor o eleitorado fazer uma campanha para, em cidades de até um milhão de habitantes, vereador exercer a sua função pela internet, acabando com os cabides de empregos. E edifício como o que ela ocupa em São Bernardo passar para setores como o Ministério Público e a restaurantes populares do governo a exemplo do Bom Prato, que oferece refeições de qualidade à população de baixa renda.
* Carlos Laranjeira é jornalista.