
O porta-voz da Fifa, Jérôme Valcke, deferiu ataque direto à organização do mundial no Brasil e tentou 'livrar a cara' da entidade máxima do futebol internacional.
Antes grandes parceiros e agora adversários problemáticos, os governos estaduais e o governo federal foram duramente criticados em entrevista concedida por Jérôme.
Em entrevista ao jornal suíco Le Matin, na terça-feira, dia 8:
Os brasileiros se manifestam contra a corrupção, não contra Fifa
“Eles (brasileiros) se manifestam contra a corrupção, contra a decisão de aumentar o preço do ônibus, pela saúde e pela educação”, rejeitando a tese de que a manifestação ocorra contra a Fifa. Valcke afirmou ainda que é errado fazer a ligação entre os gastos públicos com a Copa e o que poderia ser gasto em outros setores
Em entrevista às agências internacionais esta semana em Zurique, na Suíça:
Brasil não é Alemanha
“Não apareçam no Brasil pensando que é a Alemanha, que é fácil se mover pelo país. Na Alemanha, você poderia dormir no carro. No Brasil não. O maior desafio será para eles (torcedores). Não será para a imprensa, não será para os times e nem dirigentes. Será para os torcedores”
Tiveram 5 anos para entregar
“Sabíamos disso (dos limites do Brasil em relação à infra-estrutura de aeroportos). Mas isso era em 2009 e podemos esperar que você tem cinco anos para um país garantir que as estruturas estejam instaladas para entregar o que havia sido acordado”.
A Fifa só pediu 8 sedes
“É verdade que você multiplica os riscos ao ter mais estádios. Mas tivemos uma situação em que tínhamos um governo e um presidente, que naquele momento era Lula, que te explicam que a Copa deve ser para todo o Brasil, e não apenas para poucas cidades” (Segundo ele, foi o governo brasileiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ricardo Teixeira que fizeram questão de insistir com a Fifa de que a Copa teria de ocorrer em 12 cidades e que as seleções não poderiam ficar em apenas uma região do País. A Fifa pede apenas oito sedes)
Não foi fácil sair de Lula para Dilma
“Encaramos uma eleição geral no Brasil e não foi fácil sair de Luiz Inácio Lula da Silva para uma nova presidente. Sempre leva algum tempo para um novo governo entrar nos assuntos e tivemos também um número elevado de mudanças de ministros”.
Falta de apoio nacional
“Não pode ser apenas a decisão do presidente ou de um ministro. Mas deve ser apoiado pelo senado, congresso ou assembleia nacional (a decisão de escolha de um país para ser sede de um Mundial) . Isso evitaria “potenciais conflitos”.
Como se lê, nada de Fair Play, ao menos fora de campo. E a Copa ainda nem começou.