O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), viajou em um avião emprestado pelo doleiro Alberto Youssef - investigado pela Polícia Federal na Operação Lava a Jato. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo a publicação, o doleiro e o deputado conversaram através de um serviço de mensagem de texto no dia 2 de janeiro. Youssef agendou voo em um jato particular para Vargas às 6h30. “Tudo certo para amanhã", diz uma mensagem enviada do celular do doleiro. Não fica claro se o avião pertence a ele. "Boa viagem se (sic) boas férias", complementa.
Ao jornal, Vargas afirmou que conhece Youssef há mais de 20 anos e que pediu um avião porque voos comerciais estavam muito caros no período. O parlamentar disse também que pagou o combustível.
Na sessão de reabertura do Congresso, em fevereiro, ele chegou a provocar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa –que estava sentado ao seu lado–, erguendo o punho cerrado. O gesto foi usado por petistas ao se entregarem à polícia.
De acordo com investigações da PF, Vargas e Youssef discutiram também um assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde. A transcrição não deixa claro que assunto seria esse, mas indica que ele teria sido tratado com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Gadelha.
A empresa citada é a Labogen, cuja folha de pagamento é de R$ 28 mil mensais e que, segundo a Operação Lava a Jato, que prendeu o doleiro, teria sido usada por Youssef para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões ao exterior.
O relatório de análise da PF identificou uma conversa onde Vargas diz que "a reunião com Gadelha foi boa demais". "Em outro momento, diz que 'Gadha' –possivelmente referindo-se a Gadelha– 'garantiu que vai nos ajudar'."
O Ministério da Saúde diz que Gadelha nunca recebeu o deputado em audiência e nem tratou com ele do contrato citado na investigação da PF.