Terceira ministra a proferir seu voto sobre o capítulo oito da denúncia, Rosa Weber votou nesta segunda-feira pela absolvição dos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ela ainda contrariou o relator e o revisor do processo do mensalão e absolveu os ex-dirigentes do Banco Rural - Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinicius Samarane - da acusação de evasão de divisas.
"Os valores foram repassados antes dos crimes apontados como antecedentes. Não consigo visualizar o dolo especifico da lavagem. Eles estavam recebendo os valores correspondentes a serviços prestados", disse Rosa Weber ao absolver Duda e Zilmar pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A discordância da ministra em relação ao papel exercido pela ex-diretoria do Banco Rural na remessa do dinheiro ao exterior suscitou um debate inédito entre ela e Barbosa. Enquanto Rosa afirmou não verificar intenção ou controle por parte de Kátia Rabello e José Roberto Salgado nos depósitos realizados nas contas de Duda, o relator rebateu dizendo que o Supremo Tribunal Federal (STF) estava abrindo um precedente perigoso ao negar responsabilidade dos executivos do Rural no episódio.
"Então a senhora absolve quem cria, dirige, e mantém um banco clandestino (o Trade Link Bank, cuja função principal, segundo o Ministério Público, seria administrar a fortuna dos donos do Rural, a família Rabello) através dos quais milhões são transferidos ao exterior ocultamente?", indagou Barbosa.
Rosa Weber esclareceu que não poderia condenar os executivos do Rural porque o Ministério Público, ao entregar as alegações finais, mudou a fundamentação da acusação. A imputação de evasão de divisas estaria ligada ao crime de lavagem de dinheiro. No entanto, a ministra disse que não conseguiu verificar uma conduta individualizada dos réus. "Não quero convencer Vossa Excelência. Eu quem estou convencida. Eu não encontrei elementos para condenar", respondeu.
A ministra ainda seguiu o entendimento de Barbosa e Lewandowski e também absolveu Geiza Dias, ex-funcionária de Valério; Cristiano Paz, ex-sócio do empresário mineiro; e Vinícius Samarane, vice-presidente do Rural.
