A ministra Cármen Lúcia votou nesta quinta-feira pela condenação de Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane, Marcos Valério Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Rogério Tolentino e Simone Vasconcelos pelo crime de lavagem de dinheiro. Apesar de condenar integrantes dos núcleos financeiro e publicitário do esquema do mensalão, a ministra absolveu Geiza Dias e Ayanna Tenório, acompanhando o voto do revisor Ricardo Lewandowski.
O Supremo analisa nesta quinta-feira o capítulo quatro da denúncia do mensalão, que trata do crime de lavagem de dinheiro supostamente cometido por réus ligados a Marcos Valério e ao Banco Rural. O item versa sobre a ocultação da origem do dinheiro e a operação de saques das quantias que teriam sido repassadas a parlamentares.
Em um voto curto, Cármen Lúcia destacou a gravidade dos crimes praticados pelos réus. "Acho esse item (da lavagem de dinheiro) de uma gravidade, de uma importância enorme". Segundo ela, a análise deste capítulo do julgamento facilita o entendimento sobre toda a trama que foi formada entre os núcleos publicitário, financeiro e político. "Nesse tipo de esquema delitivo, o dinheiro é para o crime o que o sangue é para a veia. Se não circular com volume e sem obstáculos, não temos esquemas criminosos como esse", explicou.
Destacando a participação da cúpula do Banco Rural, a ministra afirmou que os executivos da instituição se prestaram a um papel fundamental no esquema. "Não há nenhuma dúvida de que houve a dissimulação, uma tomada de empréstimos simulados para depois dissimular. Sem a sua participação, o dinheiro não tinha como circular", afirmou, acrescentando que absolvia Ayanna Tenório pois já havia inocentado a ex-vice-presidente do Rural do crime de gestão fraudulenta.
Ao falar sobre o núcleo publicitário, o qual condenou em um bloco só, Cármen Lúcia decidiu esmiuçar as condutas de Simone Vasconcelos e Geiza Dias, que não haviam sido analisadas anteriormente. No caso da primeira, a ministra foi taxativa ao afirmar que ela era a executiva das empresas de Marcos Valério, operando o esquema e assinando cheques.
"Ela se mostrou não apenas com amplo conhecimento como com uma postura delitiva. Em depoimento à CPI, quando perguntaram se ela não ficava cansada de carregar tantas malas com dinheiro, ela respondeu que não, porque a mala dela tinha rodinhas. Todos esses dados demonstram exatamente um desempenho absolutamente conhecedor de todo o esquema", disse.
A ministra decidiu absolver Geiza Dias, ex-gerente financeira da SMP&B, por não ter encontrado provas de que ela tinha conhecimento da origem do dinheiro ilegal. "Ela sabia da saída do dinheiro. O que não fica como certeza, e na ausência dessa certeza não tenho como encaminhar um juízo de condenação, é que ela soubesse de onde vinha o dinheiro", explicou.
