
Joseph Blatter, presidente da Fifa, afirmou que não sabia a respeito dos subornos pagos a seu antecessor, João Havelange, pela extinta parceira comercial ISL até a falência da empresa em 2001, em entrevista ao jornal suíço SonntagsBlick. O mandatário da entidade acredita que Havelange não pode continuar como presidente da Fifa após o escândalo divulgado na última semana.
Não pode seguir como presidente de honra após esses fatos", afirmou Blatter à publicação suíça.
O presidente também afirmou que soube do caso de suborno somente após a falência da empresa."Não soube senão mais tarde, após o colapso da ISL em 2001, sobre o suborno".
A ISL vendeu os direitos de transmissão dos Mundiais de futebol em nome da FIFA, e faliu com dívidas na casa dos 300 milhões de dólares em 2001.
O presidente da Fifa se disse intolerável contra o suborno."Para mim suborno é inaceitável, e nem o tolero nem tento justificá-lo. Mas é disso que sou acusado agora".
Um promotor suíço afirmou em um documento legal divulgado nesta semana que Havelange e Ricardo Teixeira, ex-membro do comitê executivo da FIFA e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), aceitaram propinas multimilionárias da ISL em acordos da Copa do Mundo nos anos 1990.
"Esta semana a Corte Suprema da Suíça mostrou que estavam erradas todas essas pessoas, que durante anos me acusaram de receber propina. Agora está registrado o que eu sempre disse: nunca recebi nem ofereci propina", disse Blatter. "Agora as mesmas pessoas estão tentando me atacar por um outro ângulo.
"Mais uma vez, eu só soube após a falência da ISL anos depois. E isso porque instigamos o assunto. As pessoas que me atacam agora sabem que é esse o caso, mas persistem, me querem fora do cargo."
Blatter, que está na Fifa desde 1975 e sucedeu Havelange como presidente em 1998, disse na quinta-feira saber que os pagamentos estavam sendo feitos, referindo-se a eles como "comissão" e dizendo não serem ilegais à época.
Indagado em uma sessão de perguntas e respostas no site da própria Fifa (www.fifa.com) no mesmo dia se sabia dos pagamentos, Blatter rebateu: "Sabia o quê? Que se pagava comissão? Na época, esses pagamentos podiam até ser deduzidos do imposto como despesas comerciais".
"Hoje, isso seria punível pela lei. Você não pode julgar o passado com base nos padrões de hoje".
Havelange ainda é presidente honorário da Fifa, e Teixeira deixou o cargo no início do ano, pouco depois de renunciar à presidência da CBF.