O deputado Enio Tatto, líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), atacou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante sessão do Conselho Ética da Casa nesta quinta-feira. Tatto é autor do requerimento para que a Secretaria da Casa Civil apresente uma relação de todas as emendas parlamentares apresentadas pelo deputado estadual licenciado Bruno Covas (PSDB), atual secretário estadual do Meio Ambiente e pré-candidato do partido tucano à prefeitura. Em seu pronunciamento, o petista disse que o governador Geraldo Alckmin tem "cara de pau" por pedir, por meio da imprensa, transparência na divulgação das emendas.
"Aqui está tendo um boicote, um 'abafa' para que não aconteça nada. Teria de ter uma boa vontade aqui para ouvir pelo menos as pessoas citadas. Faz duas sessões que está sendo rejeitado o pedido para a divulgação das emendas. Vamos parar de hipocrisia, querer dar uma de transparente. O governador (Geraldo Alckmin) vai à televisão e começa a fazer média como se fosse o grande ético da política brasileira." Logo depois, o parlamentar pediu para tirar a expressão "cara de pau" da ata da reunião do Conselho, dizendo que foi uma declaração infeliz.
Bruno Covas foi chamado para dar explicações ao Conselho de Ética sobre a denúncia de oferta de propina que ele teria recebido por parte de uma prefeitura supostamente beneficiada por um esquema que concedia emendas do Orçamento Estadual. Por carta, o deputado declarou ter usado uma situação em que um prefeito teria lhe oferecido propina como "um exemplo" em uma entrevista. Segundo ele, a declaração que levantou a suspeita de que ele integraria um esquema de venda de emendas, conhecido como "emendoduto", está sendo usada "de forma política".
Os integrantes do Conselho de Ética não haviam decidido, até as 16h10, sobre a aprovação do requerimento para a divulgação de todas as emendas. O deputado Cauê Macris chegou a afirmar que o secretário Bruno Covas "não é réu", e que "não faz sentido" aprovar a divulgação exclusiva das emendas apresentadas por Covas. "Somos favoráveis à abertura de todas as emendas (...). Portanto, não se faz importante um requerimento específico", disse.
A reportagem tentou contato com Geraldo Alckmin, mas não obteve sucesso.
Bate-boca
A sessão chegou a ser suspensa por quatro minutos e decorrência de um bate-boca entre os deputados Campos Machado (PTB) e Carlos Giannazi (Psol). Ao protestar contra o tempo limitado para sua fala, Giannazi chamou Machado de "bravateiro de quinta categoria". Por sua vez, Machado devolveu a ofensa dizendo que Giannazi é "mau caráter".
Antes do fim da reunião do Conselho de Ética, o líder do PSDB na Assembleia, Orlando Morando, fez uma defesa enérgica do governador tucano Geraldo Alckmin, alvo dos ataques do deputado Enio Tatto. Segundo ele, Alckmin tem interesse na divulgação das emendas o "mais breve possível".
"A quem nos assiste não pode ouvir calado as graves ofensas injustas e mentirosas a ele (Alckmin) dirigidas. Mentirosas, não há outra palavra a não ser mentirosa. E o que nós estamos assistindo aqui é que está se tornando um palanque eleitoral. Claramente o Bruno Covas mandou suas explicações. (...) Considero profundamente lamentável o que ocorre aqui, principalmente por parte dos deputados do PT. (...) Ninguém tem dúvida que o governador Alckmin irá tornar pública e dar transparência, desde 2007, a todas as emendas. Sou fiador da palavra dele. Sou fiador do que ele diz, que tem o maior interesse, o mais breve possível, tornar públicas todas essas emendas", afirmou.
Após a sessão conturbada, por volta das 16h40, a maioria dos membros do Conselho de Ética rejeitou, por 7 a 2, a aprovação do requerimento de autoria do deputado Enio Tatto, para que a Secretaria da Casa Civil da Alesp apresente ao Conselho a relação de todas as emendas parlamentares apresentadas por Bruno Covas. A próxima reunião foi marcada para o dia 20, às 14h, na Assembleia Legislativa.
