O governo fez as contas e chegou à conclusão de que não tinha garantias de que o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sobre o Código Florestal não seria modificado na votação dessa quarta-feira por uma emenda da oposição, que acabaria anistiando desmatadores, afirmou o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Por isso, o deputado surpreendeu a base aliada e pediu que a votação fosse adiada para a próxima terça-feira. Esse é o terceiro adiamento pedido pelo governo.
"Eu fiz um acordo com a maioria da Casa e nós detectamos, porque temos conhecimento e temos algum tempo de janela aqui na Casa, que muitos deputados, infelizmente, diziam que iam votar de um jeito e preparavam a votação de outro", afirmou Vaccarezza, que evitou classificar a atitude como traição.
O destaque do DEM pretendia retirar esse dispositivo, permitindo estabelecer as exceções para uso das Áreas de Preservação Permanente (APPs) diretamente na lei e não por decreto, como pretendia o governo e como estava na nova versão do relatório.
O petista disse que a mudança proposta pelo DEM e que estaria sendo apoiada "nos bastidores" por alguns deputados da base aliada causaria prejuízos à imagem do país e anistiaria desmatadores sem critério.
"A emenda da oposição, um dos pontos dela retoma o relatório original (da comissão especial da Câmara) que consolida tudo que já foi feito (nas Áreas de Preservação Permanente)", afirmou. "Nós queremos fazer isso por decreto presidencial, com estudo detalhado, aquela área que não precisar ser consolidada não será, ali pode virar floresta, área de proteção ambiental. Nós não queremos começar consolidando tudo e anistiando todo mundo que desmatou", argumentou.
O líder do governo conseguiu apoio do líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), para tentar impedir a votação da reforma do Código Florestal nessa quarta-feira, mas o parlamentar estabeleceu uma condição.
"Se o governo não mudar, eu não mudo mais, porque o importante para mim é o que esse país quer, o que essa Casa quer. Mas digo ao governo que o PMDB não vota mais nada nessa Casa sem votar o Código Florestal", disse.
Alves afirmou que errou na avaliação do acordo e que acreditava que os deputados estavam satisfeitos com o relatório de Rebelo.