No exercício da presidência, José Alencar foi novamente duro e direto em suas críticas à política econômica.
"Dizem que as taxas de juros não baixaram no mês passado porque eu falei. Então, de pirraça, não baixaram. Daqui para frente eu vou falar para manterem os juros, ou aumentarem os juros.", brincou Alencar.
Depois de elogiar Lula, ele disse que os juros altos impedem o crescimento do Brasil. O vice não concorda com decisão independente do Banco Central.
"Nós precisamos de decisões políticas. Isso não é decisão para economista. É decisão para político. Isso é decisão para ser tomada na esfera política. Porque tecnicamente tem dado errado. Se você fizer uma análise dos últimos oito anos, essas taxas... eu nem sei como é que o Brasil está aí.", completou o vice.
Em Porto Alegre, o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, não quis comentar as declarações do vice. Ficou irritado com a insistência dos jornalistas:
"Soube disso agora. Ao sair de Brasília ainda não tinha essa informação sobre esta declaração. Então eu prefiro primeiro conversar com ele, porque ele estava no exercício de presidente da República. Não quero comentar a declaração. Não acho nada. Já disse que não vou responder. Você entede que não quero fazer comentário sobre isso? Ele era o presidente em exercício.", irritou-se Dirceu.
O presidente da Câmara, João Paulo, acha que o vice está muito apressado:
"O bom médico prescreve o remédio na hora certa. Se prescrever o remédio na hora errada, o paciente morre. A nossa economia é como paciente. Vai ter que baixar os juros, mas não agora."
A oposição aproveitou para atacar o vice.
"A opinião dele é abilolada. Eu não digo que ele é assim porque não sou psicanalista. Mas a opinião dele ao que reputo, abilolada.", provoca Arthur Virgílio.
Praticamente ao mesmo tempo em que o vice fazia críticas à política de juros, em Brasília, o presidente Lula, na Suiça, elogiava a política econômica. Mas o presidente não estava respondendo ao vice. Mas demonstrou que sobre o ritmo da queda de juros pensa bem diferente de Alencar:
"Todos nós no Brasil entendemos que é preciso baixar os juros. Agora, você não faz isso com bravata. Faz isso com passos bem dados no momento certo de fazer as coisas, e nós estamos tranqüilos.", disse Lula.
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