Matrix Reloaded tem cena de sexo, de ciúme, tem casal discutindo a relação e tem até um engraçado candidato a vilão que adora xingar em francês (Merovingian, vivido por Lambert Wilson). Os personagens, na segunda parte da trilogia escrita e dirigida pelos irmãos Wachowski, estão mais humanos. O cenário é que é de videogame.
Neo (Keanu Reeves), o Predestinado, continua sem saber direito qual a sua “missão”. Conquistou mais poderes e aprendeu a tirar melhor proveito deles. Mas continua com problemas sérios para dormir. Quando dorme, tem sonhos estranhos e proféticos.
Mais profético também está Morpheus (Laurence Fishburne), que, como um líder “a la Martin Luther King”, promete a salvação e o fim da guerra contra as Máquinas ao povo de Zion. Morpheus continua acreditando na profecia revelada pelo Oráculo (Gloria Foster), que dará um fim à guerra que já dura cem anos.
Trinity (Carrie-Anne Moss) está cada vez mais apaixonada por Neo. Por ele é capaz de perder a vida e pelo amor dele é ressuscitada. A “humanização” da heroína não deixa dúvidas na cena em que Persephone (Monica Belucci) oferece o caminho até o Chaveiro (que levará Neo à Fonte e à salvação de Zion) em troca de um beijo do Predestinado. Tudo isso na frente de Trinity, com verdade e com paixão. Isso não. Isso é demais até mesmo para uma mulher capaz, entre outras coisas, de voar de moto.
Várias vezes durante o filme, o espectador é lembrado de que Neo “é apenas um homem”. Continua humano. O contraste vem à tona quando o herói, sozinho, dá conta de inúmeras versões clonadas do agente Smith (Hugo Weaving). E quando é mostrado que o personagem de Reeves agora “voa como Super-Homem” (palavras do Link de Harold Perrinau).
Os efeitos especias, supervisionados por John Gaeta, são ainda mais “protagonistas”. A maior sequência - uma perseguição de carro, com direito a vôos rasantes, explosões, motos voadoras e etc - não deixa dúvidas. O filme já começa explosivo e as cenas de luta, ainda mais orientais, coordenadas por Yuen Wo Ping, estão mais presentes. O enredo torna-se menos denso e algumas “portas” são abertas. O criador da Matrix aparece, em uma conversa com Neo, para explicar que ele é o sexto Predestinado. Outros cinco já foram derrotados. Zion já foi destruída cinco vezes. Com ares de conselheiro, mais do que de inimigo, o criador relembra Neo de que a sua escolha já foi feita. Resta agora entendê-la.
Concebida desde o início como uma trilogia, Matrix deixa a primeira parte muito distante das duas últimas. Não apenas cronologicamente falando, já que o primeiro filme foi lançado em 1999, enquanto apenas seis meses separarão os lançamentos de Matrix Reloaded e Matrix Revolutions. A distância é também - e muito mais - estética. Quando é exibido na tela o aviso “Continua”, fica ainda mais evidente o aviso do produtor Joe Silver: Matrix Revolutions foi “arrancado” de Matrix Reloaded. Este, por sua vez, disse a que veio, mas é apenas a metade de um filme.
Ficha técnica:
Título original Matrix Reloaded
gênero Ação,Ficção ano 2003
distribuidora Warner
duração 138 min.
classificação 14 anos língua Inglês
diretor Andy Wachowski e Larry Wachowski
elenco Keanu Reeves, Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss
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