O ator Rob Schneider, ex-integrante do elenco de Saturday Night Live, é o último numa longa fila de humoristas rasteiros que horrorizam o público mais intelectualizado mas agradam em cheio às massas menos críticas.
Como os filmes de seu amigo Adam Sandler, os trabalhos anteriores de Schneider (O Animal, Gigolô por Acidente) surpreenderam pelo sucesso que fizeram nas bilheterias, demonstrando resistência total ao repúdio do público adulto. E tudo indica que a mesma coisa se repetirá com Garota Veneno.
Um prólogo breve ambientado na Abissínia no ano 50 d.C. mostra uma princesa obrigada a se casar com um rei que ela repudia. Ela usa um par de brincos mágicos para trocar de corpo com sua criada, aproveitando o fato para fugir dos deveres da primeira noite conjugal.
Quase dois milênios mais tarde, Jessica Spencer (Rachel McAdams) é uma rainha do colegial e líder de torcida linda, mas desagradável, que trata os nerds e os menos populares na escola com crueldade e indiferença. Ela tanto faz que fica claro que está prestes a sofrer as consequências de sua arrogância.
Ao mesmo tempo, vemos o ladrão incompetente Clive (Rob Schneider) fazendo por merecer um castigo. Quando Jessica furta os brincos antigos de uma loja de artesanato africano e depois perde um deles num choque com Clive, é preciso apenas uma noite de sono para deixá-los transformados, um preso dentro do corpo do outro.
O foco do filme se volta à horrorizada Jessica presa dentro do corpo de Clive, de 30 e poucos anos. Percebendo que não pode ficar em sua casa, ela consegue convencer sua melhor amiga, April (Anna Faris), de sua verdadeira identidade.
Juntamente com outras garotas que já tinham sido vítimas da arrogância de Jessica, elas tentam reverter o feitiço antes que seja tarde demais.
Boa parte do filme se resume a gags baseadas em estereótipos sexuais que parecem ter sido definidos por um adolescente de 13 anos.
A idéia principal é que as garotas só sabem dar risadinhas e se embelezar, enquanto os homens só querem saber de esportes, cerveja e mulheres de lingerie.
Apesar disso, tudo termina num clima bonzinho, repleto de lições de vida sobre a tolerância e a aceitação de quem difere de nós.
A lógica da história é simplista, mesmo pelos padrões intencio-nalmente tolos da fantasia cômica: Jessica vive “esquecendo” que ficou com corpo de homem, unicamente para que o filme possa suscitar mais algumas risadas a partir da brincadeira já gasta do cara agindo como se fosse uma garota.
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