"> Futuro da Embratel preocupa próximo governo

 

Economia - 03/12/2002 - 20:29:40

 

Futuro da Embratel preocupa próximo governo

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O Brasil todo conhece bem a Embratel que faz ligações internacionais. Poucos se lembram, no entanto, da antiga estatal que sempre aparecia na tela da TV em ``mais uma transmissão via Embratel''. Menos gente ainda sabe que a empresa controla satélites por onde passam comunicações das Forças Armadas. É essa empresa, que movimenta bilhões de reais por ano, que está no centro de conversas recentes entre as cúpulas do atual e do futuro governo. Controlada pela falida gigante das telecomunicações norte-americana WorldCom, a Embratel tem dívidas de 800 milhões de dólares vencendo em 2003. Isso preocupa o poder público, que teme pela descontinuidade de serviços estratégicos se o quadro se agravar. A Embratel admite que tenta renegociar com credores de uma lista que, segundo fontes do mercado, inclui os bancos JP Morgan, o Bank of America e o Chase. ``Sem o sinal da televisão, o país pára'', comentou um alto executivo de uma concorrente da Embratel, numa alusão à importância da empresa. Ele é cético quanto à disposição dos credores em aceitar novas condições de pagamento, e a própria Embratel não informa se houve avanços na negociação. O sinal de alerta pode acender já no primeiro trimestre do próximo ano, quando a Embratel terá que pagar 300 milhões de dólares. A empresa afirma que tem 756 milhões de reais em caixa para honrar parte desse vencimento e que será mais fácil negociar os 340 milhões de reais restantes. Embora tenham contabilidades separadas e, segundo a Embratel, não haja repasses de recursos entre subsidiária e controladora, a saúde financeira da empresa brasileira parece frágil a todos os olhos --do mercado de capitais ao poder público. O cenário é tão delicado que o atual governo considerou intervir na antiga estatal. A lei que rege o setor admite a intervenção num caso de desequilíbrio econômico-financeiro que coloque em risco a prestação de serviços. Mas depois de um período de intervenção, qual seria a saída? Para esta pergunta, o governo atual encontrou duas possíveis respostas, sobre as quais estão informados tanto o presidente Fernando Henrique Cardoso quanto o seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Uma fonte de alto escalão relatou que uma das alternativas seria o Estado reassumir a concessão. Mas as implicações são graves. Uma interpretação das regras da privatização é que os acionistas teriam que ser ressarcidos pela sua participação de controle segundo o valor patrimonial da empresa (4,5 bilhões de reais), muito superior ao que ela vale hoje no mercado de capitais (1 bilhão de reais). ``Para a União, é péssimo'', afirmou a fonte. ``Não é negócio intervir'', disse. Seria pior ainda para o próximo governo. Uma ação dessas ganharia uma coloração política da interferência do Estado nos negócios privados. A alternativa que se vem desenhando mais promissora é a de venda da Embratel para um novo controlador que revele solidez econômica. O tema é tão sensível ao governo, que se traçou até o perfil do comprador ideal: sem impedimentos legais e que tivesse interesse estratégico no Brasil. A Telecom Italia foi o alvo de contatos recentes do primeiro escalão brasileiro, mas sem sucesso. O grupo italiano reafirmou interesse no Brasil, mas prefere consolidar primeiro a sua presença no mercado de telefonia móvel, onde atua por intermédio da TIM. A Telecom Italia ainda é sócia da Brasil Telecom, operadora de telefonia fixa no centro-sul. Com essa inclinação do governo por uma solução satisfatória para o caso Embratel, teve início uma articulação das empresas de telefonia local para assumir a empresa. A proposta é conceber um fundo estrangeiro, capitalizado em 300 milhões de dólares, que assumiria o controle da holding Embratel e se tornaria o gestor da operadora. O próximo governo terá que definir até que ponto as restrições regulatórias do setor de telecomunicações serão um impeditivo para esse negócio. As regras pré-privatização, ocorrida em 1998, concebiam o mercado brasileiro com pelo menos quatro grandes operadoras independentes - a Embratel e três na telefonia local, que são a Brasil Telecom, a Telemar e a Telefônica. ``O novo governo entendeu a situação'', afirmou uma fonte que acompanha a articulação das três operadoras locais. Entre os aliados do presidente eleito, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ) tem sido o que mais se envolveu até agora com o assunto. Cotado como ministeriável para a pasta das Comunicações, Bittar visitou a Embratel na semana passada, depois de ter se reunido com representantes da indústria de telecomunicações no Rio de Janeiro. A eles, o deputado disse que é preciso achar uma solução para a Embratel.

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