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A política tarifária do governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros em 2025 seguiu uma trajetória marcada por escaladas e recuos que refletem uma combinação de fatores políticos e econômicos complexos. Inicialmente, em fevereiro, o governo Trump impôs tarifa de 25% sobre ferro e aço provenientes do Brasil, motivado pela alegação de proteção à indústria doméstica em nome da segurança nacional. Em abril, foi autorizada a imposição de uma “tarifa recíproca” de 10% sobre uma lista de produtos brasileiros, buscando alinhamento comercial e reciprocidade nos acordos existentes. Em maio, a tarifa sobre aço subiu para 50%, ampliando a pressão. Em julho, Trump elevou as tarifas para 40% e até 50% sobre cerca de 694 produtos brasileiros, numa decisão carregada de conotações políticas, incluindo menções ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e críticas ao sistema judicial brasileiro.
Essa escalada teve efeitos profundos no comércio bilateral, prejudicando setores estratégicos como agronegócio, indústria química e aviação, e gerando reações negativas de senadores, empresários e representantes governamentais brasileiros. Em resposta, o Brasil articulou canais diplomáticos e parlamentares para mitigar os impactos, enquanto empresas americanas que dependem de insumos brasileiros também manifestaram preocupação com a elevação dos custos e risco de rupturas na cadeia produtiva.
Em novembro, após negociações e um telefonema de Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo americano anunciou a revogação das tarifas de 40% sobre 200 produtos brasileiros, com efeito retroativo a 13 de novembro. Esse efeito retroativo indica que valores já recolhidos por exportadores brasileiros desde essa data poderão ser restituídos, configurando uma medida de alívio imediato para as empresas afetadas.
Entre os produtos beneficiados pela retirada das tarifas estão o café, a carne bovina, frutas tropicais como a banana e o açaí, sucos de frutas, cacau, fertilizantes e alimentos empregados em contextos religiosos, além de variadas outras categorias que somam cerca de 200 itens diversos. A tabela abaixo destaca os principais produtos que tiveram suas tarifas progressivamente reduzidas e agora estão isentos:
| Produto |
Tarifação inicial (10%) |
Tarifação ampliada (40%) |
Situação atual |
| Café |
Sim |
Sim |
Isento |
| Carne bovina |
Sim |
Sim |
Isento |
| Banana |
Sim |
Sim |
Isento |
| Laranja |
Sim |
Sim |
Isento |
| Suco de frutas tropicais |
Sim |
Sim |
Isento |
| Tomate |
Sim |
Sim |
Isento |
| Frutas tropicais (açaí) |
Sim |
Sim |
Isento |
| Cacau |
Sim |
Sim |
Isento |
| Fertilizantes especiais |
Sim |
Sim |
Isento |
| Alimentos religiosos |
Sim |
Sim |
Isento |
Além destes, a lista completa inclui cortes de carnes diversas, castanhas, açúcares, pescados, mel, uvas, água de coco, têxteis, calçados, móveis, minerais metálicos e não metálicos, produtos químicos, combustíveis e outros insumos industriais. A exclusão dessas tarifas elevadas deve incentivar a retomada do comércio bilateral e propiciar estabilidade aos preços no mercado americano.
Essa dinâmica tarifária evidencia as dificuldades inerentes a uma política que mistura decisões comerciais com motivações políticas internas e externas. A reversão do tarifaço de Trump restabelece um ambiente menos hostil para os exportadores brasileiros e realça a importância do diálogo diplomático e das negociações técnicas para a resolução de conflitos comerciais.
(*) Com informações das fontes: Politico, Yahoo Finance, ABC News, Supply Chain Dive, Reuters, GSGA, Covington & Burling, Agência Brasil, Brasil de Fato, New York Times, FreshPlaza, Wikipedia, TradeComplianceResourceHub, Bloomberg, Casa Branca, CEBRI, G1, Exame, Infomoney.
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