"> Opinião: Há esperança!

 

Politica - 13/12/2002 - 12:32:37

 

Opinião: Há esperança!

 

Mário Eugênio Saturno (*) .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Antes do Plano Real convivíamos com uma inflação crescente gerando resultados nefastos para a população mais pobre, conforme mostravam as pesquisas do IBGE. A loucura que foi a recessão provocada pela política econômica do ex-presidente Collor transformou o trabalhador assalariado em refém, ameaçado pelo terror do desemprego, e em escravo, pela queda do poder aquisitivo do salário. Prova dessa tese é a redução do número de greves a partir de 1990. Tentando salvar o país, já fizeram de tudo: congelamento, impostos e seqüestro de poupança. Por que tudo isso não funcionou? Talvez seja porque confiscar o dinheiro da grande população pobre não seja a solução. Vemos que quanto mais se tira dos pobres, pior a situação fica. Se os trabalhadores produzem riqueza mas não recebem um salário justo, a produção sobrará gerando desemprego. Henry Ford já dizia isso há cem anos. Isso implica que nosso país não terá um mercado interno significativo. Ou seja, a injustiça social prejudica até o comércio. O Plano Real aumentou a renda real do trabalhador e promoveu o consumo básico. Talvez os planos econômicos não atinjam o sucesso esperado devido à corrupção. A corrupção existente no Brasil é vergonhosa, a sensação é que está se multiplicando rapidamente. Os corruptos e corruptores estão começando a ser punidos, bem como qualquer grande bandido, mas ainda falta muito. E de quem é a culpa? Serão os juízes e promotores morosos e temerosos de punir os poderosos? Ou os policiais não ganham o suficiente e não estão equipados para investigar os grandes casos? De qualquer modo, o sistema penitenciário ainda não cumpre seu objetivo principal: reintegrar o preso à sociedade. Pelo contrário, ao sair da prisão, um simples ladrão sai “escolado” em violência e muito pior do que era. Todos nós, olhamos para esses problemas e ficamos indignados. Sempre achamos os culpados: os governantes, os políticos, a polícia, os juízes; em suma: os outros! Na verdade, todos nós temos uma parcela de culpa. Principalmente aqueles que pertencem à classe média, que tem acesso ao saber e à cultura. O Brasil é um país riquíssimo em recursos minerais e humanos. Aqui, “tudo o que se planta, dá”. Nossos profissionais são de excelente qualidade. Nosso povo é trabalhador, apesar de doenças, subnutrição e baixos salários. Vivemos juntos em uma sociedade e dependemos um dos outros. Quando muitos padecem, os demais sofrerão também, é questão de tempo. Haja vista a onda de seqüestros a assolar os ricos. Precisamos nos livrar do individualismo e investir um pouco do nosso tempo para a construção desta nação. Temos que criar em nós um patriotismo semelhante ao americano, ao japonês, ao alemão... Para isso, toda a classe média deve participar: professores, médicos, advogados, engenheiros, gerentes, empresários... Ninguém pode ser omisso. Como podemos concluir do que ensina Platão em “A República”: o sábio sofre com sua omissão e com ele toda a nação! A sociedade civil (Igreja, sindicatos, associações, agremiações estudantis) deve organizar-se para fiscalizar os serviços públicos e seus gastos, exigir melhores serviços e punição para os maus funcionários (estabilidade não protege os maus); acompanhar o trabalho dos vereadores e prefeito, exigir deles uma boa atuação, que apliquem os impostos em bem-estar social e que não se privilegie amigos. E deve divulgar o que está havendo, pois o povo não pode ficar indiferente a um político ruim, ele não pode sair de casa sem que alguém o aborreça. Somente ao povo ele teme. O momento que vivemos é oportuno, participar é a ordem. Vivemos neste país, merecemos uma vida melhor e mais digna. Há esperança! O Brasil será gigante quando cada um fizer a sua parte. (*) Mário Eugênio Saturno é tecnologista sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do Inpe, professor da Fafica de Catanduva e congregado mariano (saturno@dea.inpe.br)

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