Bagdá registrou, nesta sexta-feira, mais um dia de desordem, com os comerciantes do centro da capital iraquiana disparando contra saqueadores que ameaçavam suas lojas e os soldados norte-americanos tentando desarmar a cidade, onde ainda se encontram algumas forças leais ao regime do presidente Saddam Hussein.
Comerciantes, armados com pistolas, fuzis e barras de ferro, vigiavam suas lojas e enfrentavam os saqueadores, muitos deles jovens, crianças e mulheres, informou a agência France Presse.
Os lojistas também se demonstraram indignados diante da passividade do Exército norte-americano.
Segundo os comerciantes relataram à France Presse, "os soldados não apenas são indiferentes aos saques como incentivam os ladrões a roubar e destruir tudo o que encontram pela frente".
O correspondente da CNN, Martin Savidge, que está em Bagdá, confirmou que os saques continuam, mas observou que não está claro se ainda há muito o que se levar, depois de dois dias de ataques de populares a escritórios governamentais, palácios presidenciais, casas de autoridades do partido Baath e outros lugares, incluindo hospitais e bancos.
A maioria das lojas continua fechadas e uma mulher disse a Savidge que "o governo ainda não autorizou a reabertura dos estabelecimentos comerciais", em uma declaração que mostra o alcance do regime iraquiano no cotidiano dos moradores.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou que o hospital Kindi, em Bagdá, foi completamente esvaziado por saqueadores e até camas foram roubadas.
O correspondente da CNN Walter Rodgers contou ter visto saqueadores levando uma cama hospitalar pelo centro de Bagdá.
Savidge, que acompanha o Exército norte-americano, disse que as forças da coalizão ainda são alvos de ataques esporádicos.
"Escutamos alguns tiros que pareciam vir da direção norte", disse Savidge, que estava em frente ao Hotel Palestine, no centro de Bagdá.
"Os franco-atiradores disparam de maneira mais ou menos regular, com um, dois ou três tiros de cada vez".
De acordo com Savidge, "os fuzileiros navais consideram esses disparos ações experimentais e raramente reagem".
A enorme quantidade de armamento localizada em Bagdá está deixando as equipes de destruição de armas bastante ocupadas.
"Há morteiros, bombas, projéteis de toda classe e toneladas de munição", disse Savidge.
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