Mundo reage com alívio com acontecimentos do dia 9

 

Politica - 10/04/2003 - 18:41:03

 

Mundo reage com alívio com acontecimentos do dia 9

 

Da Redação com CNN

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Preocupações com o futuro do Iraque e sobre onde os Estados Unidos poderiam agir em seguida temperaram um clima de alívio geral nesta quinta-feira, um dia depois de o mundo assistir pela televisão à chegada de tropas da coalizão ao centro de Bagdá, onde foram recebidas por uma multidão em festa, que teve ajuda para derrubar uma estátua gigante de Saddam Hussein, num marcante gesto simbólico. Mas o alívio, em muitos países, com o fato de Bagdá ter caído sem um grande derramamento de sangue misturou-se a sentimentos de desconfiança em relação aos Estados Unidos em partes da Europa e da Ásia, além de reações de choque e de ira no Oriente Médio. E no Oriente Médio muitos se perguntaram se o presidente George W. Bush, fortalecido por seu sucesso militar no Iraque, voltaria sua atenção para outros países que a Casa Branca acusou de buscar armas de destruição em massa. Síria, Irã e Líbia já foram alvos de críticas de Washington, juntamente com a Coréia do Norte. O jornal The New York Times disse que o colapso da autoridade governamental em Bagdá “constitui um marco numa nova determinação norte-americana de usar a capacidade militar da nação para projetar seu poder no mundo”. O príncipe Hassan, da Jordânia, declarou: “Há nervosismo na região em relação à possibilidade de ameaças dos EUA à Síria e, possivelmente, ao Irã, num efeito-dominó”. Esse ponto de vista teve eco até mesmo na Grã-Bretanha, o mais forte aliado dos Estados Unidos na Europa e seu parceiro na guerra, no Iraque. “Essa demonstração sem precedentes do poder ofensivo dos Estados Unidos enviam uma mensagem assustadora. Quem sabe em que direção os tanques Abrams vão seguir?”, perguntar o jornal The Guardian. A França, que se opôs ao conflito desde o início, elogiou o fim do regime iraquiano. “A França, como toda democracia, saúda a queda da ditadura de Saddam Hussein e espera que haja um rápido e efetivo fim dos combates”, disse o presidente Jacques Chirac, em um comunicado divulgado à imprensa. Mas o assessor presidencial Alain Juppé questionou as justificativas de Washington para agir militarmente, acrescentando: “Nós estávamos certos em dizer que havia outros meios para desarmar o Iraque. O Iraque não usou armas de destruição em massa”. Muitos árabes sentiram-se decepcionados com o fim de uma figura que representava uma rara fonte de desafio árabe ao poder norte-americano. Outros disseram-se chocados com o fracasso de seu próprio povo em defender Saddam, vendo nesse fato um alerta para outros governantes árabes, não eleitos. Em um editorial publicado na sua capa, o jornal The Daily Star, de Beirute, afirmou: “Os norte-americanos não deveriam confundir a felicidade com a queda de um tirano com uma vontade de aceitar a ocupação”. “O único momento em que serão realmente saudados no Iraque será quando deixarem o país”, acrescentou. Reconstrução Os pensamentos mundiais voltaram-se rapidamente para a reconstrução do Iraque, um país rico em petróleo, e, novamente, surgiram suspeitas sobre as razões norte-americanas para a guerra. “Ainda está para ser visto se é uma boa idéia confinar a reconstrução do Iraque a generais reformados dos Estados Unidos, que têm relações próximas com a indústria bélica, as empresas de petróleo e os falcões do senhor da guerra George W. Bush”, afirmou o jornal belga De Morgen. Um órgão liderado pelos Estados Unidos e chefiado pelo general reformado Jay Garner foi nomeado para supervisionar operações civis no Iraque. O jornal sírio Tishreen, porta-voz do governo de Damasco, advertiu que os problemas estavam apenas começando, depois da “matança, da destruição, do terror e da fome”. O diário alemão Sueddeutsche Zeitung disse que recentes experiências na Bósnia e no Afeganistão mostraram que a paz não poderia ser considerada alcançada mesmo depois da eliminação da velha guarda. França e Alemanha lideram apelos para que a Organização das Nações Unidas tenha um papel central no futuro do Iraque. “Depois da necessária fase de garantir a segurança, o Iraque deve recuperar sua total soberania... com a legitimidade que as Nações Unidas dão”, afirmou Chirac em seu comunicado. Esse ponto de vista ganhou o apoio, nesta quinta-feira, da Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo. O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, exortou à cooperação internacional para a criação de um governo para o Iraque. O presidente do Egito, Hosni Mubarak, pediu que os iraquianos tenham o direito de governar a si próprios o mais rapidamente possível. Em Londres, um porta-voz do governo britânico disse que o primeiro-ministro Tony Blair ficou “encantado” com os acontecimentos de quarta-feira em Bagdá. “As pessoas viram o povo do Iraque perder o medo”, disse o porta-voz britânico.

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