A Marinha do Brasil deu ontem, no Arsenal do Rio, grande passo rumo ao reaparelhamento. Ao incorporar o navio de combate mais moderno da frota, a corveta V-34 Barroso, a força já se prepara para a aquisição de mais quatro navios-patrulha de 500 toneladas, licitados na sexta-feira. Armada com canhões, torpedos, mísseis e guarnecida por um helicóptero Lynx, a corveta demorou 14 anos para ser concluída e custou US$ 263 milhões (R$ 428 milhões) - incluindo custos de desenvolvimento -, o que a torna um dos navios mais baratos de sua classe no mundo.
O comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, já havia mencionado a degradação de embarcações, aviões e outros equipamentos da Marinha: "Tivemos uma melhora em termos financeiros depois de 2004, mas isso não foi suficiente para reverter o processo de degradação, uma situação insustentável". Moura Neto defende a liberação de R$ 2,7 bilhões provenientes de royalties do petróleo - amparada pelas leis que garantem uma parcela dos royalties para a Marinha investir na "proteção das áreas de produção".
Tanto a V-34 quanto os demais navios vão patrulhar as Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), podendo executar diversas tarefas - entre elas, em situação de conflito, efetuar patrulha para a vigilância e defesa do litoral, de áreas marítimas costeiras e das plataformas de exploração de petróleo.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, deverá anunciar em breve novas etapas do plano de reequipamento da Marinha, que abrange vários meios a serem adquiridos até 2025: 7 submarinos convencionais, 30 patrulhas oceânicos, 4 corvetas, 5 a 10 navios fluviais e 6 anfíbios, para transporte de tropas.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou que um dos principais temas discutidos ontem na reunião da Comissão Interministerial que analisa mudanças na Lei do Petróleo foi a possibilidade de criação de um fundo soberano, que receberia receitas geradas pela exploração de petróleo no pré-sal. "A Noruega, por exemplo, tem uma espécie de fundo de pensão que pega toda a receita de petróleo e aplica no exterior", explicou.
Ele admitiu a possibilidade usar dinheiro do pré-sal, depositado nesse fundo, para reduzir o déficit em conta corrente no País. A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de investir receita dos royalties na Educação poderia ser conciliada.
