Ao sair do Cubo D’Água com a medalha no peito e os olhos cheios de lágrimas, César Cielo afirmou que vencer o ouro na Olimpíada foi “a melhor sensação que podia ter tido”. “Eu estava bem nervoso, minha mão está formigando. Estava com medo de não sentir a água, mas fiquei na cabeça para nadar longo e deu certo”, conta.
O nadador brasileiro ficou com o ouro nos 50 metros livre e conquistou a primeira medalha dourada olímpica da história da natação brasileira, com o tempo de 21s30, o novo recorde olímpico. “Eu estava muito bem preparado com o melhor técnico para mim no momento”, elogia. Esta foi sua segunda medalha em Pequim. A primeira, de bronze, o brasileiro conquistou nos 100m livre.
A prata e o bronze nos 50m livre foram para a França: Amaury Leveaux ficou sem segundo lugar, enquanto Alain Bernard, vencedor dos 100m livre, faturou o bronze.
“Daqui pra frente as coisas vão ficar cada vez mais difíceis”, acredita Cielo. Mas, por enquanto, ele só quer saber de descansar. “Agora não quero pensar em recorde, não quero pensar em nada”, diz.
Cielo, que começou na natação tendo Gustavo Borges como ídolo, agora assume com prazer a função: “É um sonho sendo realizado. Espero que a partir de agora muita gente olhe para mim e comece a praticar natação acreditando que pode chegar em algum lugar. Que seja uma nova era do esporte no Brasil!”.
Emoção na premiação
Ao receber sua medalha de ouro, no lugar mais alto do pódio, César Cielo chorou copiosamente durante a execução do hino brasileiro, como já havia feito ainda dentro da piscina. O público, comovido com a reação do nadador, passou a aplaudi-lo em pé, em cena vista pela primeira vez na natação destes Jogos.
Na sequência, a equipe brasileira de natação quebrou o protocolo e invadiu a área da piscina para abraçar e comemorar com muita euforia a conquista do brasileiro. Até mesmo Gustavo Borges, com quem o campeão olímpico nadou no início de carreira, apareceu para abraçá-lo com uma máquina fotográfica em mãos.
Muito emocionado, Cielo só se desvencilhou da delegação brasileira quando lhe deram um telefone celular. Através do qual, claro, continuaria recebendo congratulações.
Desempenho histórico
Ao chegar à final dos 50m livre, Cielo já havia garantido uma marca histórica para a natação brasileira: o maior número de finais olímpicas em uma só edição dos Jogos — seis, contra cinco de Atlanta em 1996.
Naquela olimpíada, o Brasil chegou a conquistar também seu melhor desempenho em número de medalhas, ganhando uma prata com Gustavo Borges (200m livre) e dois bronzes, com o mesmo Borges (nos 100m livre) e Fernando Scherer (50m livre).