Há poucos meses, Tammy Di Calafiori podia ser vista trabalhando em uma loja de roupas no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A transição de vendedora a atriz, no entanto, não foi instantânea.
Tammy faz cursos de teatro desde os 11 anos de idade e sempre teve como meta estabilizar-se nas artes cênicas, o que espera conseguir com a interpretação de Virgínia, em Ciranda de Pedra.
"Alcançar objetivos requer dinheiro. Trabalhar no comércio foi a forma que eu encontrei para pagar meus estudos de teatro", valoriza esta carioca de 19 anos, sem se preocupar em glamourizar a profissão de atriz.
"A instabilidade da atividade me ensinou a não cair no deslumbre. Só quem tem pais famosos já nasce neste meio", opina.
Na trama, Virgínia é filha de Laura, interpretada por Ana Paula Arósio, e Daniel, de Marcello Antony. Sem saber que Daniel é seu verdadeiro pai, Virgínia foi criada por Natércio, de Daniel Dantas, e precisa lidar com a falta de paciência e as implicâncias do suposto pai.
As desventuras de Virgínia começam após Natércio trancar Laura no sótão da mansão em que vivem, o que faz com que a garota se revolte contra o pai.
Para piorar, suas irmãs mais velhas não são nem um pouco equilibradas. Enquanto Bruna passa o dia inteiro rezando obsessivamente e indo à igreja, Otávia gasta seu tempo se atirando sobre qualquer garoto. Resta a Virgínia cuidar da mãe. A atriz mal acreditou quando descobriu que teria tamanho destaque na trama.
"Eu batalhei tanto por um espacinho na TV e, agora, me deram um espação", comemora.
Apesar de passar anos para conseguir um papel na Globo, Ciranda de Pedra não é a primeira novela de Tammy na emissora. Em 2004, a atriz fez uma participação em Começar de Novo.
No ano seguinte, passou no teste para viver Nina em Alma Gêmea. Paralelamente à novela, Tammy participou da peça O Herdeiro Milionário, dirigida por Andréa Avancini.
Em seguida, fez uma participação no longa Meu Nome Não É Johnny, de Mauro Lima.
Em nenhum outro trabalho, Tammy viu tanta repercussão como no atual. "Uma vez, ao desembarcar no aeroporto, um monte de gente começou a gritar: 'Virgínia! Virgínia!'. A novela ainda não tinha nem estreado. Fiquei abismada", fala a atriz, com um leve sotaque paulista, reflexo da personagem da novela.
"Na hora da cena é preciso prestar atenção em tanta coisa que resolvi adotar o sotaque paulista. Assim, a fala torna-se uma preocupação a menos", acredita.
Além das aulas de "paulistês" - como a própria se refere ao trabalho de prosódia -, para viver Virgínia, a carioca Tammy se preparou intensamente.
Viu apresentações sobre o momento histórico em que a trama se passa. Fez aulas de interpretação junto com Ariela Massotti e Anna Sophia Folch, que interpretam Otávia e Bruna, suas irmãs na novela. E ainda aulas de dança para aprender alguns passos de rock'n'roll.
"Os jovens daquela época dançavam rock. Era como um funk de hoje em dia, algo subversivo", garante.
Profissionalismo em foco
Tammy começou fazendo trabalhos em publicidade aos sete anos de idade. Sua mãe não gostou muito da idéia de a filha seguir a carreira artística e a impediu, como explica a atriz.
No entanto, Tammy não demorou a voltar a manter contato com as artes. Aos 11 anos, começou a estudar teatro no colégio e resolveu se profissionalizar aos 13.
"Fiz cursos com Cininha de Paula, Walter Lima Júnior, Suzana Kruger, entre outros. Depois fui fazer um curso profissionalizante", conta.
Enquanto estudava, a atriz foi escalada para Ciranda de Pedra e não chegou a ser formar. A atriz diz buscar o máximo de profissionalismo a cada trabalho. Para isso, se preocupa em encarar todos os papéis com a mesma dedicação no que diz respeito às pesquisas e preparação.
"É o meu trabalho e o meu amor à arte que está em jogo. Tento fazer o meu melhor para levar um entretenimento de qualidade para as pessoas", afirma, em tom de maturidade.