Um basta ao crime organizado

 

Opinião - 04/04/2003 - 16:41:42

 

Um basta ao crime organizado

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Um juiz ou um policial não é melhor que qualquer outro brasileiro que vive em estado de guerra urbana.

Um juiz ou um policial não é melhor que qualquer outro brasileiro que vive em estado de guerra urbana.

É preciso que algo seja feito e é do governo federal tal responsabilidade. Mas não é criando penas mais duras para quem mata juiz e policial que a coisa se resolve. Um juiz ou um policial não é melhor que qualquer outro brasileiro que vive em estado de guerra urbana. Depois que o crime organizado, no espaço de dez dias, mandou executar dois magistrados brasileiros, o juiz-corregedor José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP), e o juiz da Vara de Execuções Penais Alexandre Martins de Castro Filho, em Vila Velha (ES), já se teme que o Brasil possa ser transformado numa “Italômbia”, mistura da Itália na década de 80, quando a Máfia resolveu desafiar o poder judiciário, matando juízes e promotores, e a Colômbia dos dias atuais, onde o narcotráfico vem ditando a lei. O mundo político havia forjado, na década de 80, o neologismo “Belíndia” para caracterizar o Brasil, onde ao lado de algumas ilhas de prosperidade, com um padrão altamente elevado de vida, próprio de um país desenvolvido como a Bélgica, instalara-se na periferia a miséria absoluta, própria de uma Índia. A situação anterior de extrema desigualdade social permanece, infelizmente, mas novos ingredientes perniciosos foram adicionados à nossa vida econômica e político-social. Há muito tempo que a denúncia tem sido feita: o crime organizado, em nosso País, tem elementos infiltrados nos três poderes da República, tanto a nível federal quanto estadual e municipal. A incompetência dos governos em obstar essa infiltração ou essa cooptação estendeu-se ao longo de décadas, desde a identificação do primeiro Esquadrão da Morte, no Rio de Janeiro, comandado pelo então delegado Sérgio Fleury, seguida pela criação da chamada Scuderie Le Coq, formada por policiais no começo da década de 80 do século passado. Atualmente, os nomes mais em evidência dessas organizações criminosas são o Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital (PPC) e Amigos dos Amigos (ADA). Mas, muitos outros grupos mafiosos funcionam, em várias cidades do País, e não somente no Rio, em São Paulo e em Vitória do Espírito Santo, em que parecem mais poderosos e insolentes. As organizações criminosas em funcionamento são compostas de bandidos - muitos deles já condenados, mas com regalias incompreensíveis permitidas por nosso infeliz regime carcerário - mas também têm entre os seus integrantes pessoas que, constitucionalmente, são encarregados de combatê-los. Muitos são os policiais e outros servidores do Executivo denunciados como integrantes de quadrilhas, enquanto deputados já foram cassados pelos seus próprios pares por conduta criminosa. Há até alguns juízes cujas ações estão sendo averiguadas pelo próprio Poder a que pertencem, pela realização indireta de crimes ou pela expedição de alvarás de soltura mal fundamentados. São coisas difíceis de comprovar, mas é incontestável que o crime organizado não recruta apenas crianças e adultos de vida pacata, que por sua condição social moram em favelas, para entregar encomendas e avisar a aproximação de policiais. Esses grupos têm na folha de pagamento muita gente que nos parece à primeira vista acima de qualquer suspeita. No recente assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, de apenas 32 anos, o principal suspeito, até agora, é um ex-presidente da Assembléia Legislativa de Espírito Santo, que segundo tem sido publicado mantinha ligações estreitas com o crime organizado naquele Estado desde o tempo em que pertenceu à Scuderie Le Coq, de que falamos antes, ironicamente registrada como entidade “benemérita e filantrópica”. Mas, o assassinato de dois juízes, um em São Paulo e outro no Espírito Santo, não são problemas tópicos ou regionais. Como disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, trata-se de uma questão nacional, e “o Governo Federal deve fazer um mutirão para garantir a segurança das fronteiras e impedir o tráfico de armas e drogas e a lavagem de dinheiro”.

Um juiz ou um policial não é melhor que qualquer outro brasileiro que vive em estado de guerra urbana.

Um juiz ou um policial não é melhor que qualquer outro brasileiro que vive em estado de guerra urbana.

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