O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse nesta sexta-feira não ver incoerência no fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter feito propaganda para a cachaça brasileira durante viagem à Jamaica. "Lá estamos vendendo um produto para exportação. Aqui queremos chamar a atenção para o consumo abusivo", disse o ministro, que lançou uma campanha para conscientizar a sociedade dos riscos do consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
"A política do álcool está vinculada à redução de danos. Não tem nenhum viés moralista ou de proibição. A bebida é socialmente aceitável e pode até ser motivo de alegria e de prazer", completou ele.
Antes do início do evento de lançamento da campanha, Temporão afirmou que o governo não abrirá mão de regular o conteúdo e o horário de exibição de propaganda de bebida alcoólica. Para o ministro, está claro que o Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) é insuficiente para banir o incentivo ao consumo excessivo.
Temporão defendeu ainda o fim da venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina para evitar os acidentes de trânsito que fazem milhares de vítimas no País a cada ano. Segundo ele, mais da metade das 35 mil mortes por acidentes de trânsito registradas no Brasil em 2005 tiveram causas ligadas ao abuso de bebida.
O ministro disse que o governo federal vai enviar ao Congresso Nacional ainda este mês uma proposta para proibir a venda de bebidas alcoólicas nas estradas federais. No caso dos postos em áreas urbanas, a medida é de responsabilidade dos municípios.
Temporão lembrou que algumas cidades já adotaram a medida, caso de Brasília. "Se sairmos hoje à noite no Rio de Janeiro, a garotada toda está nos postos de gasolina bebendo e saindo para dirigir. É um absurdo", disse. "A solução para isso é bastante simples e radical: proibir a comercialização de toda e qualquer bebida alcoólica em postos de gasolina. Posto de gasolina não é lugar de vender bebida alcoólica", resumiu.
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