"> A inflação de “Veja”

 

Economia - 06/12/2002 - 18:15:54

 

A inflação de “Veja”

 

Nivaldo Cordeiro com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A revista “Veja” que chegou às bancas dá bem o grau de desinformação que se criou ao longo do tempo, para o grande público, sobre as causas da inflação. Vejamos a seguinte afirmação na matéria que é objeto da capa da revista: ”O processo inflacionário é, em suma, a corrosão do poder de compra do dinheiro. Seu efeito imediato é a concentração da renda nas mãos dos ricos e nos cofres do governo. Esse processo chamado de “imposto inflacionário” funciona contra o interesse dos mais pobres da sociedade, que não têm mecanismos para se defender da corrosão monetária”. É uma mentira dizer que a inflação é causada pelos mais ricos. O que ela de fato faz é empobrecer os mais pobres e mesmo os ricos que não têm preparo para se defender de seus efeitos. Só existe um único ganhador com a inflação, não casualmente conhecida como “imposto inflacionário”: o Estado. “Veja” simplesmente mentiu, vez que ricos não cobram impostos. A maneira como “Veja” trata o assunto é a mesma que a maior parte da imprensa o faz. Assim, divide a responsabilidade com quem não deveria. É como se as empresas e os empresários causassem inflação. Ora, uma das coisas que o Plano Real provou é que as empresas não podem gerar a inflação. Só o Estado pode fazê-lo. Quando o governo se organizou os efeitos inflacionários foram superados. Tivemos até o inverso, momentos deflacionários. Parece haver o empenho em reduzir a responsabilidade do Estado sobre o fenômeno que só ele pode criar. É uma desinformação que impede a população de cobrar as soluções dos verdadeiros responsáveis para o problema. Pessoas desinformadas votam em políticos mentirosos, capazes de fazer promessas mirabolantes e irrealistas. A eleição de Lula é bem o exemplo disso. Foi o triunfo da mentira mais mesquinha: o candidato e seu partido empenharam a palavra naquilo que, de antemão, sabiam que não poderiam cumprir. O Plano Real perdurou enquanto o Estado brasileiro teve crédito e pôde vender ativos para bancar a exorbitância dos gastos públicos. É fato que, nos últimos dois anos, essas fontes de recursos minguaram, o que coincidiu com a desvalorização do real e com a volta das elevadas taxas de variação nos índices de preços. Isso a despeito da elevação rápida na arrecadação de impostos no mesmo período. O que “Veja” deveria ter escrito é que o vilão da inflação é o Estado e sua irracional, irresponsável e imoral estrutura de gastos, que se move de forma absolutamente incompatível com tamanho da economia e com a capacidade dos que trabalham nesse País de pagar impostos. Esse modelo de Estado gastador esgotou-se e chegou a hora da verdade: é preciso cortar os gastos públicos. O recurso á elevação de impostos não é mais possível de ser mobilizado em larga escala. Esse é o dilema e a armadilha que espera por Lula Lá em primeiro de janeiro vindouro. Não há nenhuma alternativa: ou ele pratica a boa política econômica, cortando para valer os gastos públicos, o que significa contrariar seu eleitorado, ou joga a Nação no caos inflacionário. Quem conhece os compromissos históricos do PT sabe que ele não pode fazer a boa política econômica, sob pena de se descaracterizar e também de entrar em uma luta intestina. Lula e seu partido estão entre o fogo e a frigideira. Enquanto não tomam posse do poder, a inflação explode, o emprego decresce, o dólar oscila, a renda das famílias despenca. Depois da posse, Deus sabe o que vai acontecer. Meus pressentimentos são os piores possíveis. A obra é, de fato, grande, e os homens que se elegeram são minúsculos. Quem viver, verá. Nivaldo Cordeiro

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