O candidato do PSDB à Presidência da República e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, voltou a prometer baixar os juros, "todos" os impostos e os gastos públicos do governo federal, em entrevista veiculada no início da madrugada de hoje pelo Jornal da Globo. Além de ressaltar a questão fiscal e dizer que, se eleito, promoverá mais desenvolvimento e empregos, o tucano teve de abordar a crise de segurança pública em São Paulo. Para ele, o problema se repete em todas as grandes cidades brasileiras e, no Estado de São Paulo, os atentados contra autoridades pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) pretendem "interferir no processo eleitoral".
"Se o governo de São Paulo não fosse duro com a criminalidade, não teria acontecido nada". Para Alckmin, o fato de este ano ser de eleições também influenciou os ataques: "Eles querem interferir no processo eleitoral".
Segundo o tucano, sua administração reduziu a criminalidade de forma "dura" no Estado de São Paulo. "Os índices de criminalidade diminuíram, o número de presos saltou de 90 mil para 140 mil. As principais lideranças do PCC estão presas, sob Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)". De acordo com o ex-governador, está na rua apenas o "4º escalão da droga" do PCC. O RDD, que restringe banho de sol, visitas e TV para detentos, foi implementado no Estado pela administração do PSDB.
Questionado sobre a questão dos celulares, usados por líderes do PCC de dentro dos presídios para coordenar ações criminosas e atentados, Alckmin afirmou que tentou com a Anatel "ene vezes" a instalação de bloqueadores de sinal nos presídios, mas parou em decisões judicais. Para o tucano, a legislação precisa ser "aperfeiçoada" para evitar problemas como esse e reduzir a burocracia na aplicação do RDD.
A declaração não fez alusão ao PT, mas ocorreu após insinuações de integrantes do PSDB e do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu, sobre suposta ligação de petistas com os ataques do PCC. Porém o governador paulista e ex-vice de Alckmin, Claudio Lembo (PFL), tratou de descartar essa vinculação.
Alckmin também prometeu, mais uma vez, enviar policiamento a regiões de fronteira do Brasil para coibir tráfico de armas, contrabando e lavagem de dinheiro.
Política econômica "ruim"
Alckmin prometeu priorizar o corte do Imposto de Renda, dentro de uma política geral de redução de taxas governamentais, e classificou a política econômica do atual governo de "ruim". O tucano também criticou a existência de uma idade mínima para a aposentadoria.
"Se você estabelece um limite de idade, vai punir as regiões mais pobres e as pessoas mais pobres, que morrem primeiro", disse o candidato se referindo às diferenças de expectativa de vida entre as regiões do Brasil.
Questionado sobre sua opinião a respeito da política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerada por críticos uma cópia da executada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB, Alckmim foi enfático: "A política é ruim".
Aposta no segundo turno
No final da entrevista, o tucano voltou a expressar confiança em suas chances de vencer a eleição, apesar de todas as pesquisas de opinião apontarem a reeleição de Lula já no primeiro turno.
"Nós estamos crescendo, todas as pesquisas indicam, vai ter segundo turno, não tenha dúvida nenhuma", disse. "E no segundo turno, nós vamos ganhar a eleição."
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